Estoque de sangue está baixo no País

Bancos pedem que população procure os postos; queda foi registrada após início da vacinação contra a rubéola

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Por Fabiane Leite
Atualização:

Bancos de sangue em diferentes pontos do País estão com os estoques em situação crítica em razão da vacinação contra a rubéola, que impede doações por 30 dias. Segundo os serviços, o desabastecimento é principalmente de plaquetas, componentes do sangue essenciais para coagulação e que podem ser armazenados por menos de uma semana depois de doados aos hemocentros. "É uma situação crítica que nunca foi vista", afirmou ontem o diretor administrativo da Sociedade Brasileira de Hematologia e Hemoterapia, Dante Langhi Júnior. "Há risco real de morte para pacientes que precisam de plaquetas", continuou. Nos últimos dias as principais unidades divulgaram apelos pelas doações de pessoas que ainda não se vacinaram e daquelas com mais de 40 anos, público que não foi alvo da campanha de imunização que termina na sexta-feira e abordou principalmente adultos de 20 a 39 anos, justamente a faixa etária que mais costuma doar sangue. Mais de 47 milhões de pessoas já foram imunizadas. O problema do desabastecimento já atinge os Estados de São Paulo, Minas Gerais, Santa Catarina e Paraíba. A orientação é para que a doação seja feita antes da vacinação no caso daqueles que necessitam ainda da imunização contra a rubéola. Para doar sangue é necessário ter entre 18 e 65 anos, peso mínimo de 50 quilos e bom estado de saúde. É preciso apresentar documento oficial de identificação. A vacina contra a rubéola impede doações durante um mês porque, assim como outras, é feita com vírus atenuados, que permanecem por um tempo no sangue da pessoa imunizada.Se um paciente com a saúde debilitada receber o sangue com o vírus atenuado, ele pode ter complicações. Langhi Júnior, que é responsável também pelo hemocentro da Santa Casa de São Paulo, disse que na última sexta-feira o local teve de pedir auxílio a outros serviços depois que restaram apenas 6 unidades de plaquetas no local - normalmente há 150 disponíveis. Ele explicou que, geralmente, doentes que necessitam de doações de plaquetas, como aqueles que passam por transplantes de medula óssea, precisam de grande volume do componente, daí esse ser o produto mais em falta no momento. A situação é semelhante em outro importante hemocentro paulista, o do Hospital São Paulo. "Estamos com queda de 80% no estoque de plaquetas. Poderiam ter insistido mais na doação antes da vacina", afirmou José Orlando Bordini, diretor do hemocentro. Também a Fundação Pró-Sangue, maior hemocentro da América Latina, pediu ajuda ontem. "O estoque está 40% abaixo do normal. A convocação de doadores está sendo feita por telefone, carta e e-mail. O apoio e a participação coletiva são fundamentais para evitar ainda mais a redução do número de doadores", informou nota. Antes do início da vacinação, em 9 de agosto deste ano, o Ministério da Saúde fez campanha pela doação de sangue, assim como secretarias estaduais. O ministério também informou ter orientado hemocentros a vacinar doadores habituais depois da última doação. Ontem, o ministério informou que novas campanhas para doações deverão ocorrer só em novembro. A Secretaria de Estado da Saúde também destacou campanhas feitas antes da vacinação e prometeu voltar ao assunto neste mês. Segundo a pasta, no Estado a queda de doadores é de, em média, 20% atualmente e a campanha de vacinação contra a rubéola "é uma das variantes neste período, que já é de queda devido às férias e, depois, ao inverno".

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