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Especialista defende anonimato de pacientes

Por Emilio Sant'Anna
Atualização:

Apesar de ser elemento básico na relação entre médico e pacientes, os hospitais brasileiros não estão preparados para manter em sigilo a identidade de possíveis contaminados pelo vírus da gripe suína. Para Reinaldo Ayer, professor do Departamento de Bioética da Faculdade de Medicina da USP e membro do Centro de Bioética do Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp), isso é um fato. Ayer explica que as informações em saúde são imprescindíveis para a formulação de políticas públicas, mas precisam circular fundamentalmente dentro do sistema. "No caso da gripe suína, (os nomes dos pacientes) têm de ficar restritos ao sistema de saúde, caso contrário pode haver problemas para as pessoas envolvidas e uma situação de alarme", afirma. A única exceção é quando há o consentimento do paciente. O médico acredita, porém, que as identidades dos quatro casos que tiveram a confirmação de gripe suína não vão demorar a vazar. O médico cita o caso da estudante Eloá Pimentel, de 15 anos, assassinada em 2008 pelo ex-namorado. Após sua morte, a família da jovem decidiu doar seus órgãos e os próprios médicos divulgaram em coletiva de imprensa a identidade do receptor. "Infelizmente, nossos hospitais não estão preparados", diz. Como a gripe suína carrega o estigma de doença contagiosa, dificilmente alguém virá a público confirmar seu caso. No entanto, ele não descarta que as famílias dos pacientes sejam assediadas.

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