Espanha autoriza seleção de embriões para evitar câncer

Objetivo é tentar impedir que crianças venham a desenvolver tumores de mamas e tireoide

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Por AFP
Atualização:

A Comissão Nacional de Reprodução Humana Assistida da Espanha autorizou nesta semana a seleção de embriões em tratamento de reprodução assistida para evitar que os futuros bebês desenvolvam câncer de mama ou de tireoide na vida adulta. "É um dia histórico no ambiente sanitário", disse o secretário-geral de Saúde, José Martínez Olmos. Leia sobre outros casos de seleção genética e opine sobre a questão Em declarações a uma rádio espanhola, Olmos destacou que esse tipo de decisão deve ser tomada "caso a caso" e de um ponto de vista estritamente científico. A comissão aprovou o uso dessa técnica para que um casal possa ter uma filha livre de mutações nos genes BRCA1 e BRCA2, que predispõem ao câncer de mama. O segundo caso autorizado pretende evitar um tipo de câncer de tireoide, também induzido por genes herdados dos pais. "Mas a medida não está isenta de polêmica", advertiu ontem o jornal espanhol El País, que repercutiu a notícia e explicou que não há 100% de chance de os genes causarem as enfermidades: há uma probabilidade que, nos casos em que a seleção de embriões foi aprovada, pode ser muito alta. Setores conservadores e católicos espanhóis se opõem a este tipo de seleção, pois implica o descarte de embriões. A Igreja Católica, influente no país, já havia reagido negativamente ao anúncio do primeiro bebê espanhol selecionado geneticamente para curar o irmão mais velho, que tinha grave tipo de anemia congênita. O PROCEDIMENTO A seleção, chamada de diagnóstico pré-implantação, consiste em extrair uma célula do embrião quando ele tem três dias e analisá-lo para determinar se é portador de doença genética. Se esse for o caso, ele é descartado e outro embrião passa pelo teste. Só um embrião saudável será implantado no útero. Em janeiro, uma britânica deu à luz um bebê que havia sido submetido ao diagnóstico para evitar um gene que predispunha ao câncer de mama. Na Europa, a medida é proibida na Alemanha, Áustria, Itália e Suíça, mas autorizada na Bélgica, Dinamarca, Espanha e Reino Unido.

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