Escolas adotam robótica para incentivar ensino de ciência

Meta é despertar curiosidade científica nos alunos; País tem desempenho ruim em avaliação

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Por Simone Iwasso e Alexandre Gonçalves
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Cerca de 13 mil crianças de 6, 7 e 11 anos começam a ter aulas de iniciação à mecatrônica na rede de ensino fundamental das escolas do Serviço Social da Indústria (Sesi) em São Paulo. A iniciativa pretende incorporar a prática da ciência e da tecnologia ao cotidiano dos estudantes. Segue uma tendência que vem sendo registrada em outros colégios públicos e particulares como forma de despertar o interesse dos alunos pelas ciências. Em 2006, o Brasil ficou na 52ª posição entre 57 países na maior avaliação internacional de educação, o Pisa, quando foram testados os conhecimentos de ciências de jovens de 15 anos. Para Walter Vicioni, superintendente do Sesi-SP e idealizador do projeto, o objetivo é fomentar o espírito científico já nos primeiros anos escolares e, depois, fortalecê-lo com a vivência tecnológica nos cursos de capacitação profissional. "Mais do que ensinar ciência, é preciso ensinar a fazer ciência", afirma o superintendente. Os alunos do ensino fundamental da rede utilizarão kits didáticos para desenvolver projetos na área de robótica. O Sesi-SP está investindo R$ 1,2 milhão para comprar o material e capacitar o corpo docente. VOCAÇÃO No Colégio Pré-Médico, em São Paulo, a robótica é oferecida como disciplina extracurricular para os alunos da 1ª à 4ª série do ensino fundamental. Atualmente, as crianças estão trabalhando em uma réplica da sonda Phoenix, construída pela Nasa (agência espacial norte-americana) e que foi enviada a Marte no ano passado. O professor Marcelo Milani, responsável pelo projeto, ressalta a importância de relacionar a iniciativa ao ensino de matemática e ciências. "Se não, as crianças encaram só como uma brincadeira", explica Milani. Mas quando ocorre uma boa integração, ele afirma que o interesse dos alunos pelas disciplinas tradicionais cresce. Na rede pública também há iniciativas semelhantes. Na Escola Estadual Waldemar Salgado, única instituição de ensino médio de Santa Branca, no Vale do Paraíba (SP), um grupo de estudantes dedicou-se a um projeto de robótica que rendeu a vitória na etapa brasileira da First Robotic Competition e uma viagem a Atlanta, nos EUA, para participar da etapa internacional do torneio. Ana Cláudia Maia, dirigente de ensino em Jacareí (SP), conta que o projeto, idealizado por um ex-aluno da escola que depois estudou engenharia, causou uma grande mobilização em Santa Branca. "Todos desejam que o projeto continue", afirma Ana Cláudia. Mas ela recorda que não foi fácil reunir os R$ 160 mil necessários para tocar o projeto. Empresas privadas, moradores da cidade e a prefeitura colaboraram com a proposta. No Colégio Bandeirantes, em São Paulo, os alunos do ensino médio também podem desenvolver atividades extracurriculares ligadas à mecatrônica. "Nosso principal objetivo é oferecer aos alunos a oportunidade de descobrir qual é a sua vocação", afirma Sérgio Boggio, diretor de tecnologia aplicada à educação do colégio. Para Mauro de Salles Aguiar, diretor-presidente da instituição, despertar o interesse dos jovens pelas ciências é condição necessária para garantir o desenvolvimento do País.

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