Ela rouba a cena

Alta, elegante e com olhos verdes intensos. Assim é a atriz Lília Cabral, nomeada pela segunda vez ao Prêmio Emmy

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Por Redação
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Ação.

Lilia durante gravação do filme 'Amor, de João Jardim'

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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A atriz Lília Cabral costuma carregar uma corrente com uma bonita medalha de São Genésio, santo padroeiro dos músicos e atores. "Foi o Jô Soares quem me deu recentemente", conta ela, muito feliz, no café de uma livraria do Leblon, bairro da zona sul do Rio de Janeiro. Se o santo lhe trouxer ainda mais proteção, é impossível prever aonde chegará a atriz, que, pela segunda vez, é nomeada ao Emmy.

 

"O prêmio tem para a televisão o mesmo significado que o Oscar tem para o cinema. Representa a legitimação do profissional perante a indústria televisiva", explica a especialista em séries de TV, Fernanda Furquim. Criado pela aclamada Academia Internacional de Artes e Ciências Televisiva, o Emmy premia, em diversas categorias, os mais importantes expoentes da televisão de mais de 50 países. Lília concorre na categoria de melhor atriz, a mesma de quando foi nomeada pela primeira vez, em 2007, pelo seu papel como a má e rancorosa Marta, na novela Viver a Vida.

 

"Desta vez, eu não estou ansiosa. Já sei como são as várias cerimônias e, afinal, eu já ganhei, pois eles já votaram. Mais de 400 pessoas do mundo todo concorreram", conta ela. Ou seja, entre as centenas que foram indicadas, somente quatro foram nomeadas, a atriz brasileira e mais três: uma inglesa, uma sul-africana e outra alemã.

 

"São três etapas de julgamento. Em cada uma o júri selecionado pela Academia avalia a excelência da performance e as habilidades da atriz. Se já é uma honra ser nomeado uma vez ao mais prestigiado prêmio de televisão do mundo, imagine o que é ser nomeado duas vezes, como é o caso da Lília", analisa Eva Obadia, Relações Públicas do Emmy.

 

O evento acontece em Nova York, para onde a atriz viajou no dia 17, ao lado do marido, o economista Iwan Figueiredo, e da filha Giulia, de 13 anos. O retorno ao Rio – onde a família mora – será no dia 23, um dia após a cerimônia de escolha do vencedor, que acontece amanhã, no Hotel Hilton. "Eu acho que a minha mãe vai vencer, porque ninguém pode imaginar o tamanho do esforço dela para fazer o melhor no seu trabalho", torce Giulia.

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Dedicação. Tamanho esforço é possível de imaginar quando Lília revela, entre goles de chá de jasmim e mordidas nas torradas de pão com manteiga, como era a sua rotina de trabalho durante a novela Viver a Vida, quando encenava a forte, corajosa e elegante Tereza, que lhe levou ao Emmy este ano. "Sempre eram doze horas de gravações por dia, no mínimo. Eu acordava entre 5h30 e 6 horas com a minha filha, e estudava direto até as 10 horas. Depois, tomava banho e ia para o estúdio. Contando com as reuniões e tudo que antecede o começo das gravações, que duraram cerca de nove meses, foi um ano de trabalho intenso."

 

Assim como Marta, a personagem Teresa foi escrita pelo autor Manoel Carlos, grande admirador da atriz. "A Lília é o meu talismã, alma das minhas histórias. Dei a ela alguns dos melhores papéis que escrevi e ela sempre conseguiu torná-los ainda mais fortes e brilhantes. Ela estar concorrendo ao Emmy, pela segunda vez com um personagem escrito por mim, já me faz premiado e feliz. Quando me perguntam por que ela nunca fez uma protagonista minha, eu respondo também perguntando: e quem seria a antagonista? Precisaria existir outra Lília", enaltece Maneco.

 

Longe do teatro há cinco anos, no momento, a atriz apresenta no Rio a peça Maria do Caritó, ao lado dos grandes amigos Silvia Pogetti e Fernando Neves. "Nós montávamos espetáculos premiados há mais de 30 anos em São Paulo, quando eu tinha acabado de cursar Arte Dramática na USP. Depois eu vim morar no Rio, em 1984, e nós nunca mais atuamos juntos", conta ela, que pediu ao autor Newton Moreno para escrever uma peça para os três amigos. "Eu faço a Maria do Caritó, uma mulher virgem, que está beirando os 50 anos e não consegue se casar, porque o pai a prometeu para o santo que a salvou da morte. Por mais que ela entenda os motivos do pai, ela não entende porque a vida não permitiu que ela tivesse um amor", revela Lília, entusiasmada com o espetáculo bem humorado, que tem lotado o teatro desde o começo.

 

O sucesso na TV e no teatro dessa atriz, que se formou escondida do pai, dizendo a ele que cursava Jornalismo, se estende também ao cinema. Em 2009, Lília levou cerca de 2 milhões de pessoas ao cinema para assistir Divã, um misto de drama e comédia, no qual vive o papel da divorciada Mercedes. "Agora, haverá o Divã em forma de seriado, com oito episódios. A Mercedes, que, quando acaba o filme, tem alta do analista, retorna ao tratamento. Por que ela voltou? Essa é a motivação do seriado (que será exibido ainda este ano pela Rede Globo), é como se a história continuasse", explica ela.

 

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Aos 53 anos, a canceriana, nascida em São Paulo, capital, e radicada no Rio de Janeiro, recebeu recentemente uma nova proposta de trabalho. Desta vez, do autor de novelas Aguinaldo Silva, com o qual ela já trabalhou nas novelas Tieta, Vale Tudo e Pedra Sobre Pedra.

 

"Cada vez que escrevi uma novela, sempre pensei na Lília. Mas só agora tive a oportunidade de novo, e foi bom esperar tanto, porque, em Fina Estampa, ela será a protagonista absoluta, chamada Griselda, uma personagem altamente popular e carismática, como ela é", conta Aguinaldo Silva. Quem sabe um novo Emmy surja na vida da atriz, agora protegida por São Genésio.

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