Dilema com governo adia curso a distância

Licenciatura em Ciências para professor deverá começar só ano que vem

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Por Renata Cafardo e Simone Iwasso
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O curso a distância para formação de professores da Universidade de São Paulo (USP) é motivo de mais um desentendimento entre a instituição e o governo do Estado. O convênio para que o curso fosse oferecido por meio do programa estadual Universidade Virtual do Estado de São Paulo (Univesp) no segundo semestre ainda não foi assinado porque as duas partes não chegaram a um acordo. Por causa disso, o curso só deve começar no ano que vem.   Veja também:   Reitora faz proposta para tirar PM do câmpus pontoedu Apesar de a não implementação de cursos a distância ser parte das reivindicações da greve na USP, que dura 46 dias, os problemas começaram antes. Governo e universidade concordam em apenas um ponto: o curso tem qualidade, deve ser implementado e os grevistas estão desinformados sobre ele. A discórdia vem do fato de professores da USP envolvidos no projeto considerarem que o governo pretende interferir no curso e usar as informações provenientes dele. "Só vamos assinar o convênio se for como entendemos que deve ser, não como o governo quer. Esse é um curso da USP, feito pela USP", afirma José Cipolla Neto, coordenador do novo curso. Segundo o secretário estadual de Ensino Superior, Carlos Vogt, a Univesp vai apenas viabilizar os cursos oferecidos pelas universidades, com apoio financeiro e tecnológico. "Deve estar havendo algum mal-entendido quanto àquilo que a secretaria deseja. A secretaria não tem competência para oferecer curso nenhum." Vogt confirma que a secretaria tem interesse em compartilhar o banco de dados que será produzido pelo curso - um dos itens dos quais a USP discorda. "Temos de fazer acompanhamento, avaliação, porque a secretaria é corresponsável pela iniciativa." A Univesp é um consórcio criado pelo governo que vai reunir cursos a distância de USP, Unesp e Unicamp para formação de professores. O curso da USP de Licenciatura em Ciências foi aprovado na instituição e os R$ 12 milhões de custo viriam do governo. A previsão era que começasse em setembro. "O curso foi aprovado por todas as instâncias da USP e vai ser feito, cedo ou tarde, com ou sem o governo", diz Cipolla. Fora os desentendimentos entre o governo e a reitoria na greve de 2007, houve problemas no Programa de Avaliação Seriada (Pasusp). O governo bancou em 2008 o projeto, que oferece provas para alunos da rede pública, mas não gostou do resultado. A USP disse que fará o exame sem o governo. RUÍDO Carlos Vogt Secretário de Ensino Superior de SP "Deve estar havendo algum mal-entendido quanto àquilo que a secretaria deseja" José Cipolla Neto Coordenador do curso a distância da USP "O curso foi aprovado por todas as instâncias da USP e vai ser feito, cedo ou tarde, com ou sem o governo"

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