Desmate migra para pequena propriedade

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Por João Domingos e BRASÍLIA
Atualização:

O governo federal e as organizações não governamentais (ONGs) que monitoram a conservação e a destruição da floresta amazônica revelaram ontem dados indicando que o desmatamento está migrando das grandes áreas, superiores a 100 hectares, para pequenas propriedades, inferiores a 25 hectares. O indício mais forte desse movimento, no rastro do plantio da soja, foi levantado no trabalho do Greenpeace que constatou: as pequenas clareiras abertas na Amazônia, inferiores a 25 hectares, que em 2002 eram 25% do total do desmatamento da região, em 2008 corresponderam a 47%. "O desmatamento está pulverizado", diz Paulo Adário, do Greenpeace, ONG parceira da moratória da soja. Adário afirmou que essa derrubada em pequenas áreas pode ter sido feita por assentamentos da reforma agrária, agricultores familiares ou mesmo grandes fazendeiros que, para fugir da vigilância dos satélites, teriam adotado nova tática de derrubada da mata, ou mesmo adequações de área, uma vez que na Amazônia é permitido desmate de 20% da propriedade, desde que autorizado por órgão ambiental. Em 2008, o plantio de soja em áreas da Amazônia com desmatamento feito depois de julho de 2006 ocupou 1.384 hectares dos quase 158 mil monitorados pelo governo, ONGs ambientalistas e Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove), o que corresponde a 0,88% da superfície fiscalizada. A vigilância ocorreu após assinatura da moratória da soja - acordo em que a indústria se compromete a não comprar grãos de quem plantou em terra desmatada. A moratória vale até julho. O presidente da Abiove, Carlo Lovatelli, disse não haver certeza de que a entidade assinará uma prorrogação.

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