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Desencorajo reposição hormonal''

Edith Perez: especialista em câncer de mama; pior cenário de risco para surgimento de tumor, diz médica porto-riquenha, é o uso prolongado de estrogênio e progesterona

Por Emilio Sant'Anna
Atualização:

Edith Perez é uma porto-riquenha radicada nos EUA responsável pela coordenação das pesquisas sobre câncer de mama na Clínica Mayo, em Jackson Ville, na Flórida. Presidente do Comitê da Mama do North Central Cancer Treatment Group, divide seu tempo entre os estudos das alterações genéticas que levam ao aparecimento do tumor e a busca por tratamentos mais efetivos. Na semana em que foi lembrado o Dia Mundial de Combate ao Câncer (8 de abril), o Estado publica um entrevista exclusiva com a especialista no tipo de câncer mais comum entre as brasileiras. Em que ponto está o desenvolvimentos de tratamentos personalizadas para o câncer de mama? O que nós fazemos são pesquisas de novas formas de tratamento e prevenção. Uma das áreas mais importantes é a tentativa de entender melhor o tumor, para que possamos identificar a melhor forma de tratar cada paciente. Atualmente procuramos novas formas para avaliar todas as mutações genéticas que levam ao câncer. Como isso é feito? No início, o câncer de mama era uma coisa só, depois descobriu-se 3 tipos, depois 9, nós achamos que são dezenas de tipos e estamos tentando identificar todas as subdivisões. Para isso usamos os marcadores genéticos. No entanto, há coisas que as pessoas podem fazer em seus estilos de vida para não recorrer aos remédios. Precisamos investir em educação não só para as pessoas mas também para os médicos. Coisas simples que qualquer um pode fazer, como exercícios físicos regulares, evitar o consumo de álcool e não ganhar peso em excesso - que é a causa número um do acréscimo do risco para esse tipo de câncer. Isso não só diminui o risco como melhora as chances após o diagnóstico. Isso à parte, existem os fatores genéticos... Aproximadamente 10% dos casos de câncer de mama estão ligados a fatores genéticos. Apenas 10%. Para 90%, não sabemos quais são as causas. Por isso continuamos pesquisando. O que estamos tentando descobrir é quais são as diferenças no início do desenvolvimento dos tumores benigno, maligno e pré-maligno para que sejam diagnosticados antes da mamografia, com o uso de marcadores no sangue, como o exame de câncer de próstata. Como a senhora avalia a relação entre o câncer de mama e reposição hormonal? Há uma associação muito forte. O risco depende de duas coisas: quais hormônios são tomados e por quanto tempo. O pior cenário é quando uma mulher toma progesterona e estrogênio por muito tempo. Qual o período máximo que a reposição hormonal pode ser feita de forma segura? Eu não faria. No passado, se dizia: "os hormônios são bons para muitas coisas." São para os acessos de calor e para os ossos, mas hoje existem outras alternativas. Por exemplo? Compostos bifosfonados. São comprimidos que podem ser tomados uma vez por mês, uma vez por semana, ou por dia. E existe um aprovado para ser tomado uma só vez por ano.

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