Dengue pode estar em declínio no Rio

Prefeito comemora queda na média diária de casos; Secretaria Municipal de Saúde reage com cautela

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Por Clarissa Thomé
Atualização:

A epidemia de dengue no Rio começa a dar sinais de arrefecimento. Nas tendas de hidratação, já há registro de queda na movimentação de pacientes. O prefeito Cesar Maia (DEM), em boletim eletrônico enviado ontem, também aponta para redução na média diária de registros confirmados na cidade. Em março, foram 947 casos por dia. Em abril, até dia 16, haviam sido 295 notificações com confirmação. O secretário municipal de Saúde, Jacob Kligerman, preferiu não comentar os números divulgados pelo prefeito. "Tem-se observado um ligeiro declínio no número de notificações de casos suspeitos de dengue, além dos atendimentos e internações pela doença. Os dados estão sob análise", limitou-se a informar a assessoria de imprensa da secretaria. O número de casos suspeitos no município subiu para 56.919 - mais 1.466 em relação à quinta-feira -, com 54 mortes. No Estado, morreram até agora 89 pessoas. Para o médico Roberto Medronho, epidemiologista e infectologista da Universidade Federal do Rio de Janeiro, esse momento inspira cuidado. "Essa redução na epidemia era esperada. Infelizmente não ocorreu pelo combate ao vetor, mas porque há o esgotamento da população suscetível ao vírus e porque as condições climáticas já não são tão favoráveis à reprodução do mosquito. Mas é preciso redobrar a atenção. Não se pode baixar a guarda nos serviços de saúde", alertou. HISTÓRICO Ele lembrou que há histórico de surtos anteriores em que o vírus acabou se tornando mais agressivo no decorrer da epidemia. "Enquanto as pessoas vão sendo picadas, podem ocorrer recombinações genéticas e mutações do vírus. Se ele se tornar mais agressivo, as pessoas não estiverem atentas e o sistema de saúde se desmobilizar, poderemos ter ainda mais mortes do que já tivemos", ressaltou o especialista. Por conta do baixo movimento, a secretaria de Estado de Saúde desativou a tenda de hidratação em Jacarepaguá. Os equipamentos serão reinstalados em Belford Roxo, na Baixada Fluminense, onde há registros de 1.925 casos desde o início do ano. A Aeronáutica informou ainda que vai restringir o horário de funcionamento na tenda da Barra da Tijuca a partir de terça-feira, porque a procura à noite é pequena. ÁPICE Para o secretário de Estado de Saúde, Sérgio Côrtes, ainda é cedo para se falar em declínio da epidemia. Para ele, as filas de atendimento diminuíram porque o "sistema de saúde se organizou". "Estamos no ápice da epidemia, com tendência de declínio. Mas não podemos comemorar. A única coisa que pode nos deixar mais tranqüilos é que os centros de hidratação conseguiram tratar muito melhor os pacientes. Até o momento, não tivemos óbito confirmado de paciente que tenha passado por um centro de hidratação", afirmou Torres. O secretário reuniu-se ontem com representantes de 35 consulados, que manifestaram preocupação com a epidemia de dengue. Eles pediram que a secretaria encaminhe relatórios semanais sobre a situação, para que possam informar turistas e empresários em viagem ao Estado.

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