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Dengue custou R$ 134 milhões para as famílias dos doentes no Rio

Despesa dos contribuintes é 6,7 vezes maior do que todo orçamento estadual para vigilância epidemiológica

Por Emilio Sant'Anna
Atualização:

A epidemia de dengue deste ano no Estado do Rio custou mais de R$ 134 milhões para o bolso das famílias fluminenses que tiveram um membro contaminado. O valor é quase sete vezes maior do que todo o orçamento de 2008 para a Vigilância Epidemiológica Estadual - estimado em cerca de R$ 20 milhões pela Secretaria de Estado da Saúde do Rio. O resultado é apontado por um levantamento da Fundação Getúlio Vargas e impressiona até mesmo seu autor, Ulysses Reis, professor da instituição. "Refizemos os cálculos várias vezes", diz. O gasto médio por pessoa contaminada desde o início deste ano foi de R$ 1.778,28. Mais do que a renda média do brasileiro, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), de R$ R$ 1.189,90. Para chegar a esse resultado, foram analisadas 60 famílias que, além de pagar seus impostos, tiveram de arcar com as despesas da doença. A análise envolve itens como gastos com remédios, internação em hospitais particulares, custo dos dias sem poder trabalhar e até mesmo o valor do funeral das vítimas da dengue. "O resultado é um reflexo da ausência e da irresponsabilidade do poder público", afirma Reis. SUBESTIMADO Esse resultado, no entanto, pode ainda ser considerado subestimado, segundo o próprio Reis. Isso porque, desde que finalizou o estudo, o número de contaminados e de mortes cresceu. A pesquisa baseou-se em dados do final de abril, da secretaria. Àquela altura, o Estado tinha 110 mil contaminados e 95 mortes. Hoje, são 131.238 casos confirmados da doença e 106 óbitos (só na capital, foram registrados 64 mortes e quase 73 mil ocorrências). A epidemia deste ano é uma das maiores que o Rio já enfrentou. A letalidade, no entanto, é a maior da história. Em média, as despesas com as vítimas da dengue representam um mês e meio do salário dessas famílias. "Esse enorme gasto nem sempre é percebido pelas pessoas, pois as despesas são feitas aos poucos, muitas vezes a prazo", explica Reis. O pesquisador acredita que o resultado possa ser ainda maior, pois considera que o número de infectados seja pelo menos o dobro do divulgado pelas autoridades. "Nesse caso, seriam cerca de R$ 263 milhões", afirma.

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