Decifrando as etiquetas

O pedaço de pano traz informações que influenciam na preservação do produto e na compra

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Por Cristiana Vieira
Atualização:

.Se você é daquelas que só olham a etiqueta da roupa para conferir o tamanho da peça, cuidado! É hora de mudar os hábitos. Esse pequeno pedaço de pano carrega informações capazes de influenciar até a decisão de compra – no caso de roupas delicadas, em que a cliente tem de embutir no preço da peça suas idas e vindas à lavanderia profissional.

 

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"O problema é que a primeira coisa que o consumidor faz quando chega em casa com uma roupa nova é jogar a etiqueta fora", diz o presidente da Associação Brasileira do Vestuário (Abravest), Roberto Chadad, baseado em uma pesquisa que mostrou que 77% das pessoas têm o hábito de arrancar a etiqueta antes de estrear uma roupa. "Se quiser cortar, tudo bem, mas deixe a etiqueta guardada para checar na hora da lavagem."

 

Segundo Chadad, quem tem o hábito de conferir etiquetas são pessoas alérgicas a material sintético. Desde 2001, o Instituto de Pesos e Medidas (Ipem) – que obrigava que a etiqueta apresentasse apenas detalhes da composição do produto – passou a exigir informações como razão social, CNPJ, país de origem, composição têxtil, cuidados para conservação (o tipo de lavagem) e numeração. Tudo isso representado por símbolos, textos ou ambos, já que o critério é do fabricante.

 

"A etiqueta é a identidade do produto. Mas, para atrair a clientela, o fabricante coloca apenas o nome fantasia da marca", explica o chefe de divisão técnica do Ipem, Jefferson Kovachich. Apesar de a etiqueta não ser tão valorizada hoje, ele acredita que, em curto prazo, as pessoas vão seguir as orientações para que suas roupas tenham maior durabilidade.

 

O comerciante ou fabricante que não faz a identificação de acordo com as exigências do instituto pode ser multado. "Indiretamente, coibimos até a pirataria. Mesmo as peças importadas devem ter as informações na língua portuguesa", conclui Kovachich.

 

TAMANHO

Muitas consumidoras notam diferença na numeração entre as grifes. Mas o que poderia ser uma explicação, transformou-se em lenda nos bastidores das fábricas. É que algumas marcas (dizem!) usam o truque de "etiquetar" peças com números menores para não constranger a cliente e, quem sabe, assim, torná-la uma fiel compradora.

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Mas, logo logo, esse truque poderá cair por terra. Isso porque, segundo uma nova norma da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), as etiquetas deverão conter informações como altura e medidas do tronco e da cintura. As novas peças infantis (cujo processo de Consulta Nacional encerra-se nos próximos dias), já carregam esses dados.

 

"O importante é que haja uma comunicação fácil entre quem produz e quem compra", explica a gestora do Comitê Brasileiro de Têxteis e do Vestuário da ABNT, Maria Adelina Pereira, ressaltando que a normatização não é compulsória. Essa nova medida pode, inclusive, ser uma boa referência para quem compra roupa pela internet.

 

Segundo a gerente de treinamento da rede de lavanderias 5 à Sec, Rejane Nascimento, às vezes a etiqueta não traz informações detalhadas sobre os tecidos. "Há aqueles com até quatro tipos de fibras que trazem a indicação de lavagem a seco. Mas, dependendo da fibra, não pode ser lavada a seco nunca." As roupas que mais chegam à lavanderia são peças delicadas, como as feitas de seda, as de festa e as que têm adereços como miçangas – e, por isso, devem ser lavadas na mão.

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