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Crise derruba preço de emissão do CO2

Na Europa, especialistas temem que investimentos verdes recuem

Por AFP e Paris
Atualização:

Por causa da crise econômica, indústrias europeias estão reduzindo sua produção e comprando menos direitos de emissão de CO2. Isso está derrubando os preços desses direitos e alimentando o temor de que o interesse em buscar alternativas menos poluentes diminua ou mesmo desapareça. No mercado europeu, onde são vendidas permissões de emissão de CO2, também chamadas de "direito de poluir", o preço da tonelada do gás caiu um terço desde a metade de 2008, quando estava em 30 (R$ 90). No início deste mês, o preço da tonelada caiu pela primeira vez a menos de 10. Nesta semana, era vendida a 9,20 (R$ 27,60) no mercado BlueNext, sediado em Paris. A explicação é simples: a crise econômica provocou queda da atividade dos geradores de eletricidade, de empreiteiras e de siderúrgicas, que, consequentemente, reduziram suas emissões de CO2 em 2009. Segundo David Rapin, da BlueNext, a cada ponto porcentual que o PIB da Europa deixa de crescer, cerca de 30 milhões de toneladas de CO2 deixam de ser despejadas na atmosfera. Portanto, a redução das emissões de gases do efeito estufa é, a curto prazo, uma boa notícia para o ambiente. Mas teme-se que a "poluição a baixo preço" elimine os incentivos para investir em energias renováveis e em tecnologias menos poluentes. "Não é uma boa notícia para os investimentos verdes. Enquanto o preço do CO2 estiver baixo, os industriais, por miopia, não farão os investimentos necessários a médio e longo prazo", afirma Damien Demailly, na ONG de World Wildlife Fund. Para alguns especialistas, a situação requer uma reforma do mercado. Segundo Cedric Philibert, da Agência Internacional de Energia (AIE), é necessário estabelecer um preço mínimo e um preço máximo, "pois isso daria confiança aos investidores".

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