PUBLICIDADE

Controle da pressão reduz em 18% morte de diabético

Pesquisa feita com 11 mil pessoas de 20 países com medicamento que alia diurético a droga para pressão demonstrou eficácia do tratamento

Por Emilio Sant'Anna
Atualização:

Controlar a hipertensão é a recomendação de qualquer médico para seus pacientes. No caso dos diabéticos com o tipo 2 da doença - a mais freqüente -, uma pesquisa revela que diminuir a pressão arterial para uma média de 13,5 por 8 pode reduzir em 18% as mortes por doenças coronarianas, como o enfarte. A pesquisa, publicada na revista The Lancet e apresentada ontem em Viena durante um congresso de cardiologia, utilizou um medicamento que combina duas drogas para o controle da pressão arterial: a indapamida (diurético) e o perindopril (redutor de pressão com ação sobre o hormônio ECA - Enzima Conversora da Angiotensia). No estudo, a pressão dos pacientes foi reduzida até 13,4 por 7. Os resultados deixam claros os benefícios. Cerca de 40% dos pacientes diabéticos morrem problemas cardíacos. Além disso, a doença - que se caracteriza pela resistência à ação da insulina e normalmente é associada à obesidade e fatores hereditários - aumenta em 10% a probabilidade de morte por doenças do coração. Realizada com mais de 11 mil pessoas em 20 países, como o Canadá, Austrália, China e França - o Brasil não participou -, o estudo Advance (sigla em inglês de Ação em Diabetes e Doença Vascular) é o maior já realizado para avaliar a relação da doença com os problemas cardiovasculares. Além da diminuição das mortes por doenças coronarianas, o uso das drogas reduziu em 14% o índice total de mortalidade, de hospitalização por eventos coronarianos e de cirurgias para a desobstrução de artérias. As mortes por problemas renais diminuíram 21% no grupo de pacientes que utilizaram o medicamento. COMPROVAÇÃO Segundo Maurício Wajngarten, diretor da Unidade de Cardiogeriatria do Instituto do Coração (Incor), o Advance dá respaldo a uma suspeita dos médicos. "Só não tínhamos uma comprovação científica", diz. Wajngarten afirma que um dos méritos do estudo é utilizar uma droga disponível no mercado. No Brasil, o Sistema Único de Saúde (SUS) não fornece o medicamento. O custo mensal do tratamento é de cerca de R$ 60. Outro bom resultado obtido na pesquisa é a redução do número de compridos utilizados no tratamento da hipertensão, uma vez que o medicamento combina as duas drogas. "Um dos grandes problemas é a pouca adesão do paciente ao tratamento", diz Jorge Pinto Ribeiro, chefe do setor de cardiologia do Hospital das Clínicas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. NÚMEROS R$ 60 é o custo do tratamento, não disponível no SUS, que combina duas drogas para controle da pressão arterial: a indapamida (diurético) e o perindopril (redutor de pressão com ação sobre o hormônio ECA - Enzima Conversora da Angiotensia) 14% foi o recuo do índice de mortes, hospitalizações por eventos coronarianos e cirurgias para desobstrução de artérias após o uso das drogas 21% foi a redução do índice de mortes decorrentes de problemas renais

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.