Comportamento de risco

Pesquisa mostra que a maioria das mulheres pratica sexo inseguro

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Por Ciça Vallerio
Atualização:

O dado é alarmante: 67% das quase 2 mil mulheres entrevistadas não pedem para o parceiro usar preservativo em todas as relações sexuais. Este número foi divulgado na semana passada e faz parte do estudo realizado pela Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), em parceria com a Bayer.

 

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"Apesar de 88% conversarem sobre prevenção de gravidez com seus parceiros, elas estão muito vulneráveis às doenças sexualmente transmissíveis, como o HIV", ressalta a ginecologista Arícia Galvão Giribela, coordenadora da pesquisa e membro da Comissão de Anticoncepção da Febrasgo. "O problema está entre adolescentes e adultas também."

 

A proteção feminina, lembra a médica, deve ser redobrada, uma vez que o perfil de contaminados pela aids mudou ao longo dos anos: se antes havia 9 homens contaminados para 1 mulher, agora empatou e hoje há 1 homem para 1 mulher.

 

A proporção de infectados mudou, mas, ao que tudo indica, a mentalidade feminina não. Segundo a médica, em grande parte, o preconceito impede que as mulheres exijam que seus companheiros usem preservativo. "Elas não querem desagradar a seus parceiros e têm medo de que a exigência da camisinha seja associada à promiscuidade", avalia Arícia.

 

Outra explicação está relacionada à maneira muito particular de as mulheres lidarem com a paixão. Românticas por natureza, muitas não querem "quebrar o clima" na hora H - o que, para a ginecologista, é inaceitável. "Infelizmente, se usa a desculpa de que o preservativo ‘estraga o prazer’, porque este seria o momento de questionar o passado sexual de cada um."

 

De acordo com Arícia, as mulheres sabem da necessidade de prevenção, mas não conseguem colocá-la em prática. Mais distante ainda fica o conceito da "dupla proteção" - assim chamada pela Organização Mundial de Saúde -, que é a associação de contraceptivos de alta eficácia, como os hormonais e os DIUs, com o preservativo. "Seria a segurança máxima, mas é muito difícil fazer a população aderir a essa rotina", lamenta. Já será motivo de comemoração se as mulheres passarem a se proteger de DSTs com o uso da simples e básica camisinha.

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