Clima pode afetar produção de energia no NE

Estudo da Coppe, da UFRJ, aponta problemas no País a partir de 2100

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Por Nicola Pamplona
Atualização:

O aquecimento global pode inviabilizar a produção de combustíveis na região Nordeste do País. O alerta é de estudo que será divulgado hoje pela Coppe, instituto de pós-graduação e pesquisa de engenharia da UFRJ, no qual pesquisadores da entidade avaliam os impactos da elevação da temperatura na geração de energia no Brasil. Leia mais sobre aquecimento global Com base em projeções internacionais sobre emissões de gases do efeito estufa, o documento alerta ainda para uma possível redução na vazão dos rios do Nordeste e Norte, região apontada como nova fronteira hidrelétrica brasileira. O estudo trabalha com dois cenários elaborados pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) que foram adaptados às condições brasileiras pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). No cenário mais otimista, as emissões de carbono chegam perto dos 15 milhões de toneladas por ano em 2100. No pessimista, esse volume é dobrado. Um dos coordenadores do estudo, o professor Alexandre Szklo reconhece que o prazo é longo, mas diz que o objetivo é alertar o governo para que este medidas de contenção com antecedência. "A cana-de-açúcar não sofrerá tanto com o aumento de temperatura, uma vez que pode ser cultivada em uma faixa mais ampla de temperatura. Mas girassol, dendê e mamona, por exemplo, usadas para produzir biodiesel, se tornam inviáveis", diz Szklo. A região mais afetada é o Vale do Rio São Francisco, que perde também o potencial de geração eólica. Já a vazão do rio, usada para geração hidrelétrica, pode ser reduzida em até 26,4%. A Bacia do Araguaia-Tocantins, que recebe hoje alguns dos principais investimentos em usinas, pode ter a vazão reduzida em até 15,8%. VULNERABILIDADE O estudo conclui que, por ter 85% de sua matriz energética proveniente de fontes renováveis, o Brasil é bastante vulnerável a mudanças climáticas. E propõe algumas medidas, como o aprofundamento dos estudos de hidrologia e vazão das principais bacias geradoras de energia do País, com o objetivo de desenvolver mecanismos para regular a operação do sistema elétrico. A Coppe começa a preparar agora uma continuação do estudo, avaliando os impactos econômicos do aquecimento global no País.

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