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Cientistas clonam células de macaco

Embriões clonados serviram como fonte de células-tronco, como se tenta fazer com o homem

Por Herton Escobar
Atualização:

Cientistas nos Estados Unidos conseguiram produzir, pela primeira vez, células-tronco embrionárias clonadas de macacos. O trabalho traz a "clonagem terapêutica" para mais perto dos seres humanos. Até agora, a técnica só havia sido provada em camundongos. galeria dos animais clonados Os pesquisadores fizeram com macacos resos o que se busca fazer com pacientes humanos. Coletaram células da pele de animais adultos, extraíram o núcleo dessas células e os transplantaram para dentro de óvulos com o núcleo removido - como se trocassem a gema de um ovo. Esses óvulos foram então estimulados a formar embriões, dos quais foram extraídas células-tronco embrionárias, capazes de formar qualquer tecido do organismo. Produzir essas células é um dos maiores desafios da biomedicina atual. A expectativa é que elas possam ser usadas como matéria-prima para uma série de terapias celulares, substituindo tecidos danificados por células sadias e geneticamente idênticas ao paciente, sem risco de rejeição. Por isso a técnica é conhecida como clonagem terapêutica - em contraste à clonagem reprodutiva, na qual o embrião seria transferido para dentro de um útero. Ninguém ainda conseguiu fazer isso com células humanas. Todas as células-tronco embrionárias usadas em pesquisa hoje são extraídas de embriões produzidos por fertilização in vitro, e não clonados. Em 2004 e 2005, pesquisadores coreanos anunciaram ter clonado embriões humanos e obtido linhagens de células-tronco a partir deles. Mas a pesquisa se revelou uma fraude completa. Várias espécies de mamíferos foram clonadas nos últimos dez anos, começando pela ovelha Dolly, em 1997. Só no caso do camundongo, porém, os embriões foram também usados para a produção de células-tronco. O experimento americano não produziu nenhum macaco clonado. A técnica foi usada apenas para a obtenção de linhagens celulares. Como é a regra no mundo da clonagem, foi uma vitória apertada. Os cientistas começaram com 304 óvulos e acabaram com apenas 2 linhagens de células-tronco - uma taxa de sucesso de 0,7%. "Está claro que ainda precisamos melhorar muito", disse o pesquisador Shoukhrat Mitalipov, do Oregon National Primate Research Center, onde foi feito o estudo. Segundo ele, a equipe não tentou implantar nenhum embrião no útero de macacas, nem é possível dizer se os embriões teriam a capacidade para gerar macacos clonados, caso isso fosse feito. O resultado faz a clonagem terapêutica parecer mais viável para seres humanos, já que o macaco reso está mais próximo do homem do que o camundongo. Mas não tão próximo quanto um chimpanzé - um degrau evolutivo que ainda precisa ser vencido. O trabalho foi divulgado na segunda-feira pelo jornal britânico The Independent, mas os resultados só foram publicados ontem pela revista Nature.

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