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Ciclones tropicais se fortalecem, afirmam pesquisadores dos EUA

Temperatura maior na superfície do oceano aumenta velocidade do vento

Por Cristina Amorim e COM EFE
Atualização:

Os mais fortes ciclones tropicais estão ganhando intensidade, principalmente na metade norte dos oceanos Atlântico e Índico, segundo pesquisa publicada hoje pela revista científica Nature. A elevação da temperatura na superfície dos oceanos aumenta as velocidades máximas do vento dos ciclones mais fortes e sua freqüência. Pesquisadores da Universidade Estadual da Flórida liderados por James Elsner analisaram dados gerados por satélite nos últimos 26 anos. Com base nessas informações, descobriram que o aumento da temperatura da superfície do oceano em 1°C faz crescer em 31% a freqüência global dos ciclones mais violentos, de 13 para 17 fenômenos ao ano. Além disso, a cada 1°C de alta da temperatura das águas, cresce cerca de 4% a velocidade dos ventos dos ciclones. Quanto mais forte é o ciclone, mais evidente é a mudança na velocidade de seus ventos. Com exceção do Oceano Pacífico Sul, todas as bacias oceânicas mostram isso, embora não no mesmo grau: os maiores aumentos ocorrem no Atlântico Norte e no norte do Índico. Os cientistas concluem que esses resultados confirmam a teoria do motor térmico para explicar a intensidade dos ciclones: à medida que os mares se aquecem, o oceano tem mais energia que pode ser liberada na forma de ventos ciclônicos. No entanto, ressalvam que há uma lacuna de dados e que o estudo não considera fatores como mudanças na região de origem e na duração dos ciclones. "Estávamos interessados em ver se encontraríamos um sinal de aquecimento global na atividade de ciclones tropicais e começamos com a teoria do motor térmico. Não há teoria que afirme que pode haver alterações em região de origem ou duração", disse Elsner ao Estado. Ele acrescentou que o ciclone Gustav se encaixa no padrão verificado por sua equipe. Para Tom Knutson, do Laboratório de Dinâmica de Fluidos Geofísicos da NOAA (agência de pesquisas americana sobre oceanos e atmosfera), há uma "importante limitação" no trabalho de Elsner e sua equipe. "Os registros analisados são de um período muito curto, 26 anos, comparado à série de dados climáticos sobre temperatura de superfície, que cobrem mais de 140 anos. Isso torna muito difícil colocar as ?tendências? identificadas no novo estudo em um contexto de longo prazo", disse ao Estado.

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