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Célula-tronco é criada com proteína

Novo método reduz risco de dano ao DNA e surgimento de tumores

Por Alexandre Gonçalves
Atualização:

Um método mais seguro e barato para produzir células-tronco de pluripotência induzida (iPS, em inglês) foi descrito ontem em artigo da revista científica Cell Stem Cell. A técnica pode viabilizar a utilização de iPS em terapias. Nos métodos anteriores, os pesquisadores inserem material genético na célula diferenciada para reprogramá-la como célula-tronco, tornando-a indiferenciada. O processo traz o risco de alterações indesejáveis nos genes que podem gerar tumores. Além disso, tais técnicas de reprogramação são caras e trabalhosas. A nova abordagem não realiza qualquer alteração no DNA da célula. Lança mão de quatro proteínas capazes de iniciar o processo de transformação: Oct4, Sox2, Klf4 e c-Myc. As substâncias, produzidas por bactérias Escherichia coli geneticamente modificadas, são adicionadas ao meio de cultura das células diferenciadas, onde são absorvidas. Para garantir que os quatro fatores cheguem ao núcleo da célula, os cientistas inserem "caudas" de poliarginina nas proteínas. A substância conduz os fatores à "central de comando" da célula para reprogramá-la. AVANÇO Os testes apresentados no trabalho foram realizados com células da pele de embriões de camundongos, mas um dos autores do estudo, Sheng Ding, do Instituto de Pesquisa The Scripps, afirma que diversos tipos de célula podem ser usados no procedimento. A pesquisadora Virginia Picanço e Castro, do Hemocentro de Ribeirão Preto, que trabalhou no desenvolvimento de uma das linhagens brasileiras de iPS, considera o resultado um grande avanço. "Ainda é menos eficiente do que outros métodos", explica Virginia, referindo-se à utilização de vírus ou plasmídeos - anéis de DNA que não dependem do núcleo - para inserir genes que reprogramam as células. "Mas é mais seguro: o futuro está aqui."

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