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Casos de gripe suína fazem EUA decretarem estado de emergência

Doença, que começou no México, se espalha rápido pelo mundo; OMS ainda não definiu plano de contenção

Por Patrícia Campos Mello e Jamil Chade
Atualização:

O governo dos Estados Unidos decretou ontem estado de "emergência em saúde pública" para conter o avanço da gripe suína no país. Exames confirmaram que oito alunos de uma escola de Nova York contraíram o vírus durante uma viagem ao México. Outros 12 casos foram confirmados nos Estados da Califórnia (7), Kansas (2), Texas (2) e Ohio (1). Não houve mortes e os pacientes se recuperam bem. O Canadá também confirmou 6 casos da doença, nas províncias da Columbia Britânica e da Nova Escócia. Todas as pessoas doentes estiveram recentemente no México, onde o número de mortos pelo vírus pode chegar a 86 (incluindo 22 casos confirmados e 64, sob avaliação). Estima-se que cerca de 1,4 mil pessoas tenham sido infectadas no país. É possível que o vírus tenha sido levado por viajantes também para outros continentes. Casos suspeitos estão sendo investigados em vários países, como Nova Zelândia, Espanha, França, Israel. No sábado, a Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou risco de pandemia e classificou a situação como uma "emergência de saúde pública que exige atenção internacional". Vários países estão tomando medidas preventivas para alertar e monitorar viajantes que chegam do México. No Brasil, um homem está internado no Hospital Emílio Ribas, mas o risco de ele ter gripe suína é mínimo (mais informações na pág. A13). O Banco Mundial anunciou um empréstimo de US$ 200 milhões ao México para combater a epidemia, incluindo uma liberação imediata de US$ 25 milhões para compra de remédios e equipamentos médicos. A doença, causada por um vírus influenza que sofreu mutação em porcos (por isso o nome gripe suína), ataca como uma gripe forte, acompanhada de febre alta e dores no corpo. A OMS está trabalhando com um nível de alerta 3 (numa escala que vai de 1 a 6), o que significa que há risco de uma epidemia global (pandemia), mas que o nível de transmissão de pessoa para pessoa ainda é considerado baixo. "Estamos exatamente no momento prestes a definir se há uma pandemia ou não", disse Keiji Fukuda, vice-diretor de Segurança de Saúde da OMS. Ontem, a organização tentou pela segunda vez chegar a um acordo sobre um plano mundial de combate à epidemia. Ainda sem informações suficientes, porém, fracassou em estabelecer um consenso e se limitou a sugerir que cada governo adote as medidas que julgue necessárias. Uma nova reunião será feita em Genebra amanhã. "O comitê de emergência da OMS se reuniu e concluiu que essa é uma situação muito séria e de alerta mundial. Sabemos que, no mundo moderno, há o risco de doenças se espalharem com rapidez. Mas precisamos de mais detalhes científicos para determinar padrões de tratamento e respostas", disse Fukuda. "Todos os países precisam incrementar o monitoramento", disse o porta-voz da OMS, Aphaluck Bhatiasevi. Nos Estados Unidos, a secretária de Segurança Nacional, Janet Napolitano, disse que o estado de emergência é uma "operação padrão de rotina" que permite liberar recursos públicos para ações preventivas, como o deslocamento de antivirais para pontos estratégicos e a aplicação de testes diagnósticos. "Soa muito pior do que realmente é", disse Janet. "Não é hora para pânico", disse o secretário de imprensa da Casa Branca, Robert Gibbs. As medidas de prevenção não incluem nenhuma restrição do fluxo de pessoas entre os países. A escola dos alunos infectados em Nova York, a St. Francis, passou por uma limpeza e as classes foram canceladas até amanhã. Outras escolas da cidade também foram fechadas. No México, soldados distribuíram 6 milhões de mascaras. O governo fechou escolas, museus, teatros, bares, e partidas de futebol foram disputadas sem público ontem para reduzir o risco de transmissão entre pessoas. Com Agências internacionais

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