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Carioca comprou bilhetes no dia da morte

Por Alexandre Rodrigues
Atualização:

Poucas horas antes do anúncio da morte de Michael Jackson, o técnico de som e estudante de arquitetura Leandro Lapagesse havia dado o click final que concretizou a compra de mais dois ingressos para shows da turnê This Is It, que o astro iniciaria em julho. Ele já tinha adquirido outros cinco ingressos para se deleitar com as apresentações de Jackson em Londres. Quando recebeu um telefonema de um amigo com a notícia, no final da tarde, Leandro achou que era só mais um dos boatos sobre a saúde do cantor. Ainda não consegue acreditar. "Comprei ingressos na tarde que ele morreu! Foi tudo muito surreal para mim. A verdade é que eu ainda não estou acreditando. Eu quero que ele saia agora do hospital e diga: surpresa!. Se fosse um golpe de marketing, não ficaria chateado, acharia ótimo", sonha Leandro, para quem a conta de R$ 5 mil (apenas um dos ingressos, na área vip, custou R$ 3 mil) dos ticketes comprados pela internet é o menor dos prejuízos. O desaparecimento de seu ídolo traz também a frustração de ter faltado muito pouco para vê-lo em ação no palco. "Juntei dinheiro durante muito tempo para os shows, mas, sinceramente, não tive forças para pensar em ressarcimento ainda. Eu perdi uma pessoa da minha família. Eu não sei explicar, mas eu convivia mais com Michael do que com meus irmãos, por exemplo", conta Leandro que, na adolescência, começou a colecionar os mais de 200 CDs e 10 mil fotos do maior fenômeno pop. Aos 27 anos, continua a seguir Jackson. Traz na pele quatro tatuagens retratando o americano e pensa, escreve, fala sobre e escuta Jackson todos os dias. Embora tenha pela frente a realidade de que nunca verá o talento dele no palco, ele já esteve perto de seu herói. No vasto acervo que tem sobre Jackson - que lhe valeu o título de maior colecionador da América Latina num concurso na internet -, a peça mais valiosa é o papel de uma bala que o cantor lhe deu da janela do carro que o transportava para tomar um helicóptero no Forte de Copacabana, em 1996. Naquele ano, Jackson gravou um videoclipe numa favela carioca. "Ele apertou a minha mão e disse ?I love you? (eu te amo). Disse outra coisa, que não entendi. Fiquei paralisado, não falei nada, mas foi inesquecível." INCRÉDULOS Para boa parte dos 4 mil fãs que participam do fã-clube virtual MJ Beats, "a ficha ainda não caiu". Segundo o administrador da comunidade, Kevin Mendelsohn, 27 anos, os admiradores também acreditam que, a qualquer momento, Michael deixará o hospital acenando. "Vimos a foto do Michael entrando no hospital, mas ninguém viu o seu corpo." Mendelsohn, que nunca chegou a ver o ídolo ao vivo, havia comprado ingressos para a turnê This Is It. "Seria o show do dia 12 de agosto. Ainda estou esperando me enviarem o ingresso para eu guardar pelo menos como relíquia." O fã pagou 75 libras, cerca de R$ 300.

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