Capoeira, coco e samba no currículo escolar

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Por José Maria Mayrink
Atualização:

Os alunos da Escola Municipal Desembargador Amorim Lima, no Butantã, zona oeste de São Paulo, jogam capoeira e dançam coco, ciranda e samba de roda. Essas atividades fazem parte do currículo e seus professores são mestres e aprendizes griôs, que ensinam a cultura oral que ali se soma à educação formal dos livros. "Aderimos à Rede Ação Griô Nacional há três anos, quando nosso projeto Ceaca (Centro de Estudos e Aplicação da Capoeira) foi aprovado pelo Ministério da Cultura", informa Mestre Alcides, o mineiro Alcides de Lima, ex-funcionário do Instituto Oceanográfico da USP que após se aposentar, mergulhou no estudo da tradição. Começou com parceria com o Departamento de História da USP para levar a capoeira à Favela San Remo, vizinha da Cidade Universitária. Rodrigo Pança e Fábio Soneca, griôs aprendizes do Ceaca, eram meninos na favela quando Mestre Alcides iniciou o projeto, em 1997. Agora, trabalham com ele na escola. "Eu jogava capoeira desde 1969 e sempre apostei em sua capacidade pedagógica", diz o mestre. A capoeira só é obrigatória no currículo do 1º ao 5º ano do ensino fundamental, mas quem quiser entra no jogo. "Todos os nossos 830 alunos podem participar, pois temos horários depois das aulas", informa a diretora da escola, Ana Elisa Siqueira. Não só para os alunos, também para outras crianças e até adultos do bairro. Os mestres griôs levam à escola tradições e histórias do povo brasileiro. Mestre Henry Durante, articulador regional dos pontos da Ação Griô, coordena o trabalho, respeitando as características locais. "É um grande desafio que a Ação Griô está sabendo vencer", diz a professora Fátima Freire, assessora nacional do projeto. Filha do educador Paulo Freire, ela observa que a pedagogia tem tudo a ver com o método lançado por seu pai. "Fico comovida ao comprovar aqui que é possível conciliar teoria e prática, um dos grandes desafios da educação."

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