Campanha de prevenção é direcionada ao público gay

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Por Ligia Formenti e BRASÍLIA
Atualização:

O Ministério da Saúde lançou ontem um plano específico de enfrentamento da aids entre gays e travestis. As medidas tentam atender a antigas reivindicações de organizações não-governamentais e barrar uma tendência preocupante: o aumento de casos da infecção entre gays jovens. Em 1996, relações homo ou bissexuais respondiam por 24,8% das formas de contaminação entre jovens de 13 a 24 anos. Em 2006, esse porcentual havia subido para 41,1%. O número de casos provocados em relações heterossexuais também aumentou no período, mas de forma menos acentuada. Em 1996, eram 21,5% do total de casos entre 13 e 24 anos. Dez anos depois, esse porcentual passou para 32,6%. Foram impressos 100 mil cartazes adesivos e 500 mil folders concebidos especialmente para o público gay, que deverão ser distribuídos em locais específicos, como saunas e bares. No cartaz, está estampada a figura de um homem nu, deitado sobre um leito de preservativos. No lançamento da campanha, o ministro da Saúde, José Gomes Temporão, disse estar convicto de que a iniciativa irá desagradar a alguns setores da sociedade. "Não vamos nos iludir. Há ainda muito preconceito, muito obscurantismo, muito fundamentalismo. Mas estamos do lado da razão nesse processo", afirmou. Para Mário Scheffer, do Grupo pela Vidda, são indispensáveis ações específicas para o público gay. A última campanha destinada ao público gay ocorreu em 2002. O presidente da Associação Brasileira de Gays, Lésbicas e Transexuais, Toni Reis, afirmou que somente 3% dos recursos de prevenção da aids são destinados a ações entre gays - um reflexo de preconceito, em sua avaliação. Na Região Norte, disse, esse público recebe 1,7% dos recursos. Na Região Sul, 1%. O maior porcentual é o do Sudeste, 4%, mas ainda muito aquém do que é preciso.

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