A Igreja Católica defendeu ontem em nota publicada pelo Vaticano seu "direito e dever" de evangelizar os não-crentes e receber os convertidos, particularmente de outras denominações cristãs. O documento rejeitou também as acusações de alguns setores de que difundir a fé e receber convertidos seja uma forma de proselitismo, ou seja, a busca agressiva e coercitiva por novos fiéis. A acusação foi feita recentemente pela Igreja Ortodoxa Russa, que disse que a Católica Apostólica Romana fazia proselitismo na ex-União Soviética. Além disso , um crescente número de anglicanos está se convertendo ao catolicismo por causa das profundas divisões em sua Igreja de origem. A Nota sobre Alguns Aspectos da Evangelização, com 19 páginas, foi escrita pela Congregação para a Doutrina da Fé, órgão que era chefiado pelo cardeal Joseph Ratzinger até sua eleição para papa, sob o nome de Bento XVI, em 2005. Antes de ser divulgado, o papa autorizou o conteúdo do texto. A evangelização, diz o documento, é "um direito e um dever inalienável, uma expressão da liberdade religiosa", que não é tolerada em alguns países. "A incorporação de novos membros à Igreja não é a expansão de um grupo de poder, e sim a entrada na rede de amizade com Cristo, que conecta céus e terras, diferentes continentes e eras. É a entrada no dom da comunicação com Cristo." Documentos anteriores elaborados pela Congregação para a Doutrina da Fé irritaram outros cristãos. Em julho, um desses textos disse que denominações cristãs fora do catolicismo não deveriam ser consideradas como "Igrejas plenas" de Jesus Cristo.