Brasileiro não toma atitudes pró-clima

Quase todos se dizem preocupados com ambiente, mas poucos agem

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Por Alexandre Gonçalves
Atualização:

Praticamente todos os brasileiros se preocupam com o aquecimento global e gostariam de tomar medidas para combatê-lo. Mas apenas uma pequena parcela tomou alguma atitude no último ano para utilizar fontes de energia e combustível mais limpas. É o que revela uma pesquisa realizada pela empresa de consultoria empresarial Accenture que entrevistou 10.733 pessoas em 22 países. Veja mais atitudes que podem ajudar a combater o aquecimento Participaram do estudo 503 brasileiros que residem no País. A amostra reflete a estrutura etária, de renda e de proporção entre os sexos no País. Cerca de 96% afirmaram estar preocupados com o aquecimento global. O mesmo porcentual acredita que a mudança climática terá algum impacto na sua vida pessoal. O grau de conscientização do brasileiro é maior do que a média dos países avaliados: no resultado geral da pesquisa, 86% dos entrevistados se dizem preocupados com o aquecimento e 83% esperam impactos na sua vida diária. Mas nem sempre as intenções são traduzidas em ações. Na edição de 2007 da pesquisa, 99% dos entrevistados brasileiros afirmaram estar dispostos a adotar fontes de energia ou combustível mais limpas, como álcool, biodiesel, gás natural ou aquecedores solares. Contudo, na edição deste ano, só 13% relataram ter optado por uma fonte limpa nos últimos 12 meses. Para Marcelo Gil de Souza, da Accenture na América Latina, as empresas ainda precisam reconhecer a oportunidade latente no mercado de produtos sustentáveis. "Há uma classe de consumidores emergente no País", afirma Souza. "Entraram na economia há pouco tempo e ainda estão delineando suas preferências de consumo: a pesquisa mostra que se preocupam com o ambiente." Ele recorda que na Europa as pessoas pagam um pouco mais caro para receber energia elétrica de fonte eólica - limpa e renovável - em suas casas. IMPACTO SOCIAL Segunda a pesquisa, cerca de 98% dos consumidores brasileiros entrevistados estariam dispostos a trocar um produto convencional por outro semelhante, mas com certificado de menor impacto no clima. O diretor presidente do Instituto Akatu, Hélio Mattar, também considera que há dificuldades práticas para o consumidor adotar um comportamento responsável do ponto de vista ecológico. Mas recorda que nem todas as medidas de consumo consciente recebem a mesma adesão. "Fechar bem as torneiras ou desligar as luzes são práticas comuns para muitos brasileiros, pois têm um impacto direto nas contas de água ou energia", exemplifica Mattar. "Mas comprar um carro menos poluente exige planejamento e o benefício não é tão direto para o consumidor. Ele precisa pensar no impacto social." Os dados mundiais da pesquisa confirmam a percepção de Mattar. Cerca de 82% dos entrevistados admitiram que adotariam medidas concretas para combater as mudanças climáticas se percebessem que um comportamento pouco sustentável leva a um aumento no custo de vida.

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