Brasil lidera na AL em acesso à internet

Havia no País 195 usuários a cada mil habitantes em 2005, mais que Chile, México e Argentina

PUBLICIDADE

Por Lisandra Paraguassu e Ligia Formenti
Atualização:

Atrás de países vizinhos em áreas básicas como escolaridade, saneamento e mortalidade infantil, o Brasil ganha na modernidade tecnológica. O relatório do Índice de Desenvolvimento Humano, divulgado anteontem pelo Programa das Nações Unidas para Desenvolvimento (Pnud), mostra o País com um desempenho à frente de Chile, Argentina, México e Uruguai no acesso à internet. No País, a cada mil habitantes, 195 tinham acesso à web em 2005. O número é 62,5% maior do que o registrado em 2004, quando 120 brasileiros a cada mil usavam a rede. O México, o país latino-americano mais próximo do Brasil em dimensões e população, tem 181 usuários a cada mil habitantes - no IDH, o México aparece 18 posições à frente do Brasil, em 52º no ranking. Na Argentina, são 177 por mil e no Chile, 172 por mil. O Uruguai é o que mais se aproxima do Brasil entre os latino-americanos considerados com alto desenvolvimento humano: chega a 193 usuários por mil habitantes. "É inegável que tem havido um avanço na inclusão digital no Brasil, não há dúvida. Isso é essencial para um País em desenvolvimento em um mundo globalizado", afirma Jorge Werthein, coordenador no Brasil da Rede de Informação Tecnológica Latino-Americana (Ritla) e ex-representante no País da Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura. "O problema no Brasil é que, mesmo com esse crescimento, há uma profunda desigualdade. Há desigualdade no País em todas as áreas, por que na inclusão digital seria diferente?" Mesmo em locais de acesso público à internet, como escolas, são os menos pobres entre a população de baixa renda que costumam usar o equipamento. Um estudo feito pela própria Ritla mostra que são as escolas públicas mais bem localizadas, que têm estudantes não tão pobres, onde estão hoje os laboratórios de informática, especialmente aqueles com acesso à internet. Apenas 28% dos estudantes de escolas públicas com renda mais baixa têm acesso à web. Esse número sobe para 67,2% entre aqueles com renda mais alta. "O Plano de Desenvolvimento da Educação tem entre suas metas levar computadores e internet às escolas mais periféricas. É uma estratégia de discriminação positiva necessária para tentar diminuir essas desigualdades", diz Werthein. Dentro das metas do PDE está informatizar todas as escolas até 2010, incluindo escolas rurais. O governo federal ainda briga com a necessidade de colocar a internet nessas escolas. Em quase um quinto dos municípios do País não há acesso à rede, a não ser por linha discada, com ligação interurbana.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.