Brasil fabricará novos remédios contra aids

Desenvolvidos pela Farmanguinhos, medicamentos poderão integrar lista do ministério

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Por Ligia Formenti
Atualização:

O laboratório Farmanguinhos prepara-se para lançar duas drogas de combate à aids. Um dos medicamentos, cujo processo de registro de patente está em andamento, é uma inovação feita a partir de um remédio desenvolvido por um laboratório internacional, comercializado no Brasil por alto preço. "Fizemos alterações na molécula. A nova droga terá um custo muito mais baixo para o País, caso seja incorporado ao programa de distribuição", contou o diretor do Farmanguinhos, Eduardo Azeredo Costa. O segundo medicamento à espera de lançamento é uma associação de três anti-retrovirais. Costa afirma que os dois produtos são candidatos a integrar a lista de medicamentos distribuídos pelo Programa Nacional de DST-Aids, do Ministério da Saúde. Mas não é um processo imediato. "É preciso um estudo prévio. Mas não temos dúvida de que as duas opções podem trazer ganhos significativos para o programa, seja do ponto de vista econômico, seja do ponto de vista de conforto para pacientes." A associação de drogas é vista por especialistas como ferramenta importante para facilitar o tratamento e garantir que pacientes tomem de forma adequada a medicação. O Farmanguinhos não revela nem o nome dos novos remédios nem o laboratório internacional para manter o sigilo industrial da produção e patenteamento. Além disso, o Farmanguinhos, em conjunto com Laboratório Farmacêutico do Estado de Pernambuco (Lafepe), também deverá começar a produzir, a partir de maio de 2008, o genérico do Efavirenz, antiaids da Merck Sharp & Dhome que teve sua licença compulsória decretada em maio. Pela legislação, o País tem até um ano, contados a partir da licença compulsória, para iniciar a produção do medicamento. É isso que agora será feito. Lapefe ficará encarregado de abastecer 50% do mercado; Farmanguinhos produzirá o restante. Ao todo, serão 30 milhões de comprimidos de 600 miligramas por ano. "Isso trará uma economia de US$ 20 milhões", avaliou Costa. O diretor acredita que será possível atender ao cronograma. "Aguardamos apenas o pedido oficial do Ministério da Saúde para a produção do genérico", contou o diretor. Ele afirma que o pedido está atrasado um mês. "Mas, por enquanto, a demora não comprometeu o calendário", completou. A produção do genérico será feita em colaboração com laboratórios particulares, encarregados de produzir a matéria-prima. Costa afirmou que, neste primeiro momento, eles precisarão importar algumas substâncias usadas na fabricação, chamados de produtos intermediários. "Mas em curto período de tempo, o País terá total independência", garantiu Costa. O anúncio da produção do genérico Efavirenz integra as celebrações do Dia Mundial de Luta contra Aids, lembrado hoje. A epidemia mata diariamente mais de 5.700 pessoas em todo o mundo e contamina outras 6.800. Cerca de um terço de todas as pessoas que convivem com o HIV na América Latina residia no Brasil em 2005.

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