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Avançam ''biobancos'' para estudo de doenças

Arquivamento em massa associa genes, fatores ambientais e enfermidades

Por Efe e Washington
Atualização:

Entidades médicas de todo o mundo começaram a conservar sangue e tecidos de centenas de milhares de pessoas nos chamados "biobanks". O objetivo é descobrir o nexo entre os genes, o meio ambiente e as doenças, afirma Kathy Hudson, diretora do Centro de Genética e Política Pública da Universidade Johns Hopkins. Para isso, os pesquisadores armazenam glóbulos brancos e tecidos em que se leem o genoma das pessoas, que é a informação codificada do DNA. A ideia não é usá-los para curar doenças do doador - como se faz com as células-tronco recolhidas nos bancos de sangue de cordão umbilical -, mas sim para o combate coletivo das doenças com um entendimento maior dos genes. "Tem havido uma explosão de bancos biológicos porque a tecnologia é suficientemente barata e é fácil recolher amostras", afirma Teri Manolio, assessora do Instituto Nacional de Investigação sobre o Genoma Humano dos Estados Unidos. A China já conta com amostras de 500 mil pessoas. A Islândia já acumulou mais de 200 mil, mesmo com uma população de apenas 320 mil habitantes. Nos EUA, entidades privadas têm recolhido centenas de milhares de amostras e o banco biológico do Reino Unido, lançado com financiamento público, pretende chegar também a 500 mil amostras. Hoje, muitos estudos analisam algum determinante genético para uma doença, porém a vantagem dos bancos biológicos é que não se fixam em um gene em particular. "Pelo grande número de participantes não só se veem os vínculos óbvios entre genética e enfermidades, mas também as relações tênues, que indicam os atores moleculares que são responsáveis pelas doenças", diz Hudson. DILEMA ÉTICO A proliferação dos "biobanks", no entanto, também tem gerado novos dilemas éticos. A questão principal é quem tem acesso à informação do banco de dados, que inclui a historia clínica do doador. A lei americana apresenta lacunas e em outros países simplesmente não existe, afirma Isaac Kohane, diretor do banco biológico do Children''s Hospital, em Boston. Não está claro, por exemplo, se a polícia tem o direito de checar as características genéticas de uma pessoa, ou mesmo se o próprio doador deve saber. O genoma pode indicar, por exemplo, a propensão a alguma doença incurável. Para Kohane, a motivação é a perspectiva de descobrir melhores métodos de prevenção e tratamento do câncer, Alzheimer e doenças cardiovasculares. A grande base de dados permite também entender doenças raras, que afetam poucas pessoas, afirma Kohane.

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