Até floresta nacional tem área degradada

Criada em 2006, Jamanxim perde 270 km² em desmate ilegal

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Por Redação
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A Floresta Nacional do Jamanxim foi criada em 2006 e, desde então, já perdeu para o desmatamento ilegal uma área de 277 km² - o equivalente à área de Santos, no litoral de São Paulo. A unidade de conservação está localizada em Novo Progresso, no oeste do Pará, e há uma grande pressão na região para que sua área seja reduzida. Estava em discussão no governo a retirada de 10% da área da floresta para atender a reivindicação de quem tinha atividades consolidadas no local antes de a unidade ser criada. Mas a proposta foi considerada insuficiente. "Inflados por políticos, eles passaram a reivindicar 900 mil hectares, o que em nenhum momento foi sinalizado", diz o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc. A floresta tem no total 1,3 milhão de hectares. Ambientalistas acreditam que o governo não deveria rever o limite da unidade. Para Adalberto Veríssimo, da ONG Imazon, o caso é delicado, pois pode criar precedente para as outras reservas, parques e florestas do País. "Não há uma solução fácil, mas não se pode premiar quem invadiu. Metade dos polígonos de áreas de conservação e terras indígenas tem pressão, gente dentro ou no entorno. Se o governo mostrar que a área protegida não é para valer, vai criar um precedente." Em sua opinião, o desmatamento neste caso é uma "afronta". "Eles aceleram o desmatamento para criar o fato consumado e conseguir reduzir a unidade de conservação." FOGO EM PARQUE Alberto Setzer, do Inpe, chama a atenção para os incêndios em parques e reservas. O Jamanxim, por exemplo, sofreu muito com queimadas nos últimos tempos. "As unidades de conservação são as áreas que decidimos preservar, mas seus limites não são respeitados. Para mim, é onde os esforços precisam se concentrar mais. Se nem as áreas de preservação estão sendo mantidas, é questão quase de jogar a toalha", afirma. No início do mês, Minc esteve no Jamanxim para participar da operação Boi Pirata II, cujo objetivo era apreender o gado criado ilegalmente dentro da área de proteção. Além de recolher bois, o governo detectou, com a ajuda de satélites, cinco áreas preparadas para queimada. "Conseguimos evitar que pegassem fogo", conta Minc. A passagem do ministro deixou muitas pessoas irritadas na região. A Câmara dos Vereadores de Novo Progresso declarou, na semana passada, que ele é persona non grata no município. O juiz estadual José Admilson Gomes Pereira, que mandou prender o chefe da ação de fiscalização e determinou a paralisação da operação, recebeu o título de "cidadão progressense". A reportagem tentou ouvir o juiz durante a última semana, mas não conseguiu contato.

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