PUBLICIDADE

Áreas mais ameaçadas têm maior diversidade

Remanescentes na Bahia guardam riqueza genética

Por Alexandre Gonçalves
Atualização:

Os remanescentes de mata atlântica que abrigariam maior número de espécies diferentes coincidem com as regiões mais ameaçadas. É o que mostrou um artigo publicado hoje pela revista Science. No estudo, pesquisadores brasileiros e americanos apresentam um novo método para determinar quais áreas de um bioma devem receber atenção prioritária por abrigar maior biodiversidade. A mata atlântica foi escolhida como modelo para aplicar a técnica. Confira imagens da mata atlântica e das espécies pesquisadas Os resultados apontam o corredor central do bioma, localizado na Bahia, como a região com maior potencial de biodiversidade. Mas apenas 8,15% dos 20 milhões de quilômetros quadrados originais da mata ainda estão de pé. O Estado de São Paulo, que possuía uma área semelhante do bioma, preservou 13,24% das suas florestas. Contudo, de acordo com o trabalho, não conta com a mesma biodiversidade. MÉTODO Em primeiro lugar, os pesquisadores escolheram espécies que ocorriam em quase todo bioma, do nordeste à região sul. "Optamos por três pererecas porque anfíbios são excelentes bioindicadores", afirma a brasileira Ana Carolina Carnaval, da Universidade da Califórnia, em Berkeley. "São altamente susceptíveis a mudanças ambientais." Com base em informações de espécimes de museus, os cientistas desenharam mapas que delimitavam os hábitats ideais para as três pererecas. Depois, com base em registros e simulações climáticas, verificaram o "grau de estabilidade" de cada um dos ambientes. Surgiram indícios de que a atual mata atlântica do Sudeste é relativamente recente, pois sofreu um forte processo de glaciação há cerca de 21 mil anos. O corredor central baiano constituiu assim um refúgio durante o período gelado e, por isso, preservou uma maior variabilidade genética. Para comprovar a hipótese de uma colonização pelos animais mais antiga na Bahia, os cientistas analisaram o DNA mitocondrial das pererecas encontradas nos diversos Estados. Como esperado, havia menor variabilidade nos anfíbios do Sudeste. O biólogo Miguel Rodrigues, da Universidade de São Paulo (USP), coautor do trabalho, sublinha que o método será útil também para outros biomas.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.