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Arcebispo de Pequim é reconhecido pelo papa

Gesto do Vaticano reduz tensão entre a Igreja e o governo chinês

Por Afp e Efe
Atualização:

O papa Bento XVI reconheceu oficialmente o novo bispo de Pequim, Joseph Li Shan, de 42 anos, informou o jornal L?Osservatore Romano, órgão oficioso do Vaticano. O gesto indica uma distensão nas relações entre a Santa Sé e o governo da China. Li Shan foi ordenado ontem em cerimônia na Catedral do Sul, na capital chinesa. Ele sucede monsenhor Fu Tieshan, que morreu em 20 de abril, aos 76 anos. Segundo a agência Asianews, especializada em temas religiosos, Li Shan é "considerado por todos um verdadeiro pastor e um homem de fé" e "substitui a um dos raros bispos que nunca buscaram reconciliação com a Santa Sé". Tieshan era presidente da Associação Patriótica Católica Chinesa, a Igreja "oficial" do país criada em 1957, legalmente desvinculada do Vaticano e politicamente submissa às diretrizes do Partido Comunista. Os católicos que repudiam o controle do Estado se aglutinaram em organizações clandestinas. O porta-voz da Igreja Patriótica, Liu Bainian, afirmou que não tinha sido informado sobre o reconhecimento do papa. "Vocês que me informaram, eu não estava a par", declarou a jornalistas que foram impedidos de acompanhar a ordenação. O Osservatore também comentou que o pontífice deu sua aprovação à ordenação de Paul Xiao Zejiang, de 40 anos, ao cargo de bispo auxiliar de Guiyang, na província de Guizhou. "Os dois sacerdotes foram apresentados à Santa Sé por suas respectivas comunidades católicas como candidatos dignos e idôneos", avaliou o diário, que acrescentou que todos os prelados consagrados estão em comunhão com o papa, ao mesmo tempo em que são reconhecidos pelo governo. SELO PAPAL Compareceram às duas celebrações religiosas centenas de fiéis, ressaltou o Osservatore, que fez votos para "que todas as dioceses possam ter um bispo em plena comunhão com a Igreja Católica". As ordenações de Xiao e Li Shan, com a aprovação da Santa Sé, são as primeiras realizadas na China depois da carta enviada em 30 de junho por Bento XVI aos católicos chineses. Na carta, o papa expressou seu desejo de restabelecer as relações diplomáticas com o país asiático - o que implicaria, segundo o Vaticano, transferir a nunciatura (representação permanente da Igreja Católica em uma região) de Taipé, capital de Taiwan, para Pequim. Ele também pediu "autêntica liberdade religiosa" e defendeu um acordo permanente com o governo chinês para a nomeação dos bispos. RELAÇÃO TENSA Bento XVI reafirmou na carta "seu amor e proximidade" para com a comunidade católica da China. Vaticano e Pequim não mantêm relações diplomáticas desde 1951, depois que o papa Pio XII excomungou dois bispos designados pelo governo comunista, que, em represália, expulsou o núncio apostólico do país. Existem na China atualmente, segundo dados do Vaticano, de 8 milhões a 12 milhões de católicos, 0,6% a 0,9% da população de 1,3 bilhão de habitantes.

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