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Aquecimento vai piorar fome até 2030

Equipe da Universidade Stanford identificou 12 regiões mais afetadas

Por Carlos Orsi
Atualização:

A mudança climática prejudicará nos próximos 20 anos a produtividade de culturas importantes para a alimentação humana em algumas das áreas mais pobres do mundo, segundo estudo de pesquisadores do Programa de Segurança Alimentar e Meio Ambiente da Universidade Stanford (EUA). O trabalho, coordenado por David Lobell, foi publicado nesta semana pela revista Science. Os autores apresentam o artigo como um guia para governos e organizações internacionais direcionarem investimentos na adaptação da produção agrícola à mudança climática. MAPA DA FOME Os pesquisadores focalizaram 12 regiões onde, de acordo com a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), vive a maior parte da população desnutrida do mundo. As áreas abrangem grande parte da Ásia, a África Subsaariana, o Caribe, a América Central e do Sul e têm 825 milhões de pessoas desnutridas, 95% do total mundial. Os autores analisaram 20 modelos teóricos sobre os efeitos do aquecimento global e concluíram que, até 2030, a temperatura média na maioria dessas regiões terá aumentado 1°C, enquanto as chuvas sazonais em alguns locais, como sul da Ásia, sul da África e Brasil, poderão diminuir. A redução mais intensa de chuvas é prevista para o sul da África, chegando a 10% em 2030. A equipe de Lobell combinou essas projeções com dados sobre a relação observada entre o clima e cada tipo de cultivo - como soja, arroz, cana-de-açúcar, milho, sorgo, trigo e cevada - e a relevância dessas culturas para a alimentação das populações mais pobres a partir de um "ranking de importância para a fome" (HIR, na sigla em inglês). A análise revelou duas zonas críticas: sul da Ásia e sul da África. A principal cultura do sul da África, o milho, com um HIR "muito importante", poderá sofrer perdas de mais de 30% nas próximas duas décadas. No caso do Brasil, as maiores perdas previstas, de 15%, afetariam as culturas de trigo e soja. Isso ocorreria no mesmo prazo, mas com probabilidade bem menor que no caso africano. As duas culturas, no caso brasileiro, foram classificadas com HIR "menos importante".

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