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Após invasão da reitoria da USP, debate sobre greve divide alunos

Abaixo-assinados pró e contra paralisação dos estudantes circulam no câmpus e na internet

Por Simone Iwasso
Atualização:

Um dia após um grupo de aproximadamente 40 alunos ter invadido a reitoria da Universidade de São Paulo (USP) por cerca de quatro horas, antes de uma reunião agendada com os reitores das três universidades estaduais (USP, Unesp e Unicamp), uma polêmica se instaurou no câmpus da instituição e em blogs mantidos por movimentos estudantis. Seja na forma de mensagens deixadas na internet ou listas de abaixo-assinado pró e contra a ação, alunos se dividiram em relação à validade do ato e às influências de grupos políticos sobre ele. Dê sua opinião: a ocupação de áreas como a reitoria é legítima? Ainda na noite de anteontem, o Diretório Central dos Estudantes (DCE) da USP decidiu votar pela saída da reitoria, defendendo que foi uma ação não planejada e que não havia apoio do sindicato dos funcionários. Ontem, alunos se mobilizaram em assembleias dentro de cada curso para, amanhã, discutir se entram ou não em greve. Na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH), onde tradicionalmente há debates políticos e apoio a ações desse tipo, parte dos alunos organizou uma manifestação contra a greve. "Fizemos um abaixo-assinado para mostrar que discordamos de uma greve, que só prejudicaria todo mundo aqui dentro. Não achamos que essa é a melhor maneira de discutir os temas importantes", diz Fernando Éffoli de Mello, aluno de Filosofia. No blog da ocupação, havia textos com críticas para os dois lados. Diziam, por exemplo, "reitoria desocupada. Traição" e "isso aqui não passa de picuinha política da malucada da ultraesquerda com o grupo político que está na gestão do DCE". O reitor da Unesp, Herman Jacobus Cornelis Voorwald, divulgou uma nota responsabilizando o Fórum das Seis, entidade que representa sindicatos e entidades estudantis das três universidades estaduais, pela invasão. Segundo o reitor, o fórum se recusou a entrar na reunião para negociar. Após o ocorrido, o Fórum das Seis decidiu votar um indicativo de greve - que foi confirmado pelos sindicatos da USP e será discutido amanhã na Unicamp. Ontem, a Associação dos Docentes da USP decidiu por nova paralisação na terça-feira. Os funcionários pedem reajuste de 17% mais R$ 200 fixos e extensão do auxílio-alimentação. O Conselho de Reitores das Universidades Estaduais Paulistas (Cruesp) oferece reajuste salarial de 6,05% - a ser aplicado com base nos salários de maio - para docentes e servidores técnico-administrativos. COLABOROU TATIANA FÁVARO

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