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Apesar da alta nos casos, OMS resiste em elevar alerta

Por Jamil Chade , De Genebra , Cláudia Trevisan e De Peq
Atualização:

Balanço da Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgado ontem mostra que a gripe suína já atingia quase 4,7 mil pessoas em 30 países, com 53 mortes. Mas, sem transmissão sustentável em regiões fora dos Estados Unidos e México e diante de forte pressão política, os técnicos da entidade hesitam em passar a uma fase máxima na escala de alerta, o que significaria que uma epidemia global já está em andamento. Ainda ontem, o governo mexicano divulgou que o número de mortes no país já chega a 56. Também foi confirmado o primeiro caso da doença na China, onde o governo tenta isolar as quase 300 pessoas que tomaram os mesmos voos que o homem infectado. Ele saiu dos Estados Unidos, fez escala em Tóquio e tomou outro avião de Pequim para Chengdu, capital da província de Sichuan. O doente é um chinês de 30 anos que estuda em Missouri (EUA). Com febre, ele foi internado no Hospital de Doenças Infecciosas de Chengdu. Seu pai, sua namorada e o motorista de táxi que os transportou também estão isolados. Até a noite de ontem, cerca de 150 das 300 pessoas procuradas já haviam sido colocadas em quarentena. Cerca de 100 estavam isoladas em Pequim. As autoridades chinesas têm sido criticadas pela severidade das medidas adotadas contra suspeitos de portarem o vírus. Na semana passada, o México reagiu depois de um grupo de cidadãos do país ter sido colocado sob quarentena mesmo sem sintomas da doença. Cuba também confirmou seu primeiro caso: um jovem mexicano que estuda em Havana e que retornou à ilha quatro dias antes de o governo suspender os voos que partem ou vão para o México. OMS RECOMENDA CAUTELA Segundo o vice-diretor da OMS, Keiji Fukuda, o aumento no número de casos não vem apenas da confirmação de resultados de laboratórios, que estavam acumulados em alguns países. A OMS evita dizer se a gripe é suave, como tem se mostrado na maioria dos casos, ou se pode causar danos e mortes. "Ainda não temos isso claro. Ser severo não significa apenas alto número de mortes. O que é verdade é que o que é severo para um político é diferente do que é severo para um epidemiologista", disse. Ele admite que os casos da gripe no Hemisfério Sul tem sido mínimos. "Mas é difícil prever o futuro." O porta-voz da OMS Gregory Hartl é da mesma opinião. "Certamente não vamos baixar a guarda. Nem agora nem nos próximos meses", disse. "Ainda acho inevitável que uma pandemia seja declarada", afirmou o diretor de comunicações da OMS, Thomas Abraham. Eles admitem que o lado positivo é que países que não foram duramente afetados até agora com surtos locais estão tendo mais tempo para se preparar. "Talvez por terem tempo para se preparar, esses países poderão ter menos casos no futuro", disse Hartl, em uma referência indireta ao Brasil. Uma das preocupações da OMS continua sendo o aumento de casos na Europa, o que poderia acabar levando à declaração de uma pandemia. "A pandemia é declarada quando mais de uma região vê a transmissão do vírus em uma comunidade. É ainda difícil saber o que vai ocorrer na Europa. Mas está claro que infecções podem se estabelecer na Europa. Esse potencial é real", disse Fukuda.

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