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Anvisa veta propaganda de medicamentos contra gripe

Esses remédios eliminam alguns sintomas que são essenciais para identificar a gripe suína

Por Ligia Formenti
Atualização:

A suspensão das propagandas de medicamento contra sintomas de gripe e de remédio com ácido acetilsalicílico será mantida enquanto o número de casos de gripe suína no País permanecer elevado. A interrupção da veiculação das peças publicitárias em todos os meios de comunicação, até mesmo na internet, entrou em vigor ontem, em uma tentativa de a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) reduzir o uso inadequado dos remédios por pacientes contaminados pelo vírus A(H1N1), causador da doença. Acompanhe os desdobramentos da pandemia no mundo A medida não será a única para essa classe de remédios. A agência estuda obrigar as fabricantes a incluir na propaganda uma frase de advertência, da mesma forma como ocorre com a dengue. Esses medicamentos eliminam alguns dos sintomas, que são essenciais para correta identificação da gripe suína. "Não estamos condenando medicamentos que já têm segurança e efeitos conhecidos. Mas vivemos uma situação nova e, com ela, é preciso a adoção de uma série de cuidados", afirmou ontem o diretor da Anvisa, Dirceu Barbano. A decisão de determinar a interrupção da propaganda foi tomada diante da constatação de que 77% dos casos de gripe no País são provocados pelo novo vírus. "Neste momento, é preciso que pacientes tenham a exata noção sobre os sintomas que apresentam e em que intensidade. Para isso, o ideal é que remédios sejam usados apenas depois de uma avaliação médica." E isso, reconheceu Barbano, é ideal não só para a gripe suína, mas para a sazonal. O diretor diz que a equipe da agência estuda ampliar as medidas relacionadas à venda de medicamentos sem prescrição médica e à publicidade. Com relação ao comércio, na próxima semana deverá entrar em vigor uma nova resolução com regras sobre funcionamento de farmácias e drogarias. Entre as medidas estão previstas normas para o que Barbano chama de "self service" de remédios. Segundo ele, ao restringir a propaganda, há uma redução da automedicação. A Anvisa não dispõe de números sobre esse fenômeno. "Mas não é à toa que a indústria reserva 25% de seu faturamento para investir na propaganda", completa ele. A Anvisa ainda não tem estatística para avaliar se o consumo de antigripais em 2009 foi mais elevado do que em anos anteriores. Em junho, a agência recebeu uma recomendação da Advocacia-Geral da União para que se revogasse uma resolução que apresentava uma série de restrições para propaganda de medicamentos. A agência contestou as argumentações. Barbano acredita que o momento é propício para mostrar a necessidade da regulação.

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