Anvisa facilita importação de produto para pesquisa

Agência publicou resolução simplificando a entrada de materiais básicos de laboratório

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Por Herton Escobar
Atualização:

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) publicou ontem uma resolução com regras simplificadas para a importação de produtos destinados à pesquisa científica. A burocracia excessiva e a demora para a liberação de materiais básicos são apontadas como entraves cruciais ao desenvolvimento científico do País - já que quase tudo nos laboratórios precisa ser importado e o processo costuma ser excessivamente demorado. A resolução estabelece um limite de 24 horas para liberação dos materiais e repassa ao pesquisador a responsabilidade sobre sua utilização. "Caberá ao pesquisador e à instituição a qual estiver vinculado a responsabilidade pelos danos à saúde individual ou coletiva e ao meio ambiente decorrentes (do material)", diz o texto. "Ganhamos direitos e, ao mesmo tempo, responsabilidades, o que está certíssimo", avaliou Luiz Eugênio Mello, pesquisador da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e presidente da Federação de Sociedades de Biologia Experimental (Fesbe). Antes, essa responsabilidade pesava sobre os ombros dos fiscais. "É um passo muito positivo no sentido de facilitar a vida dos pesquisadores", disse Mello. Hoje, importar material de pesquisa é uma atividade de risco para os cientistas. Não são raros os casos de projetos parados e experimentos perdidos pela demora nas liberações - não só de equipamentos, mas de reagentes básicos no dia-a-dia dos laboratórios. Segundo o diretor da Anvisa, José Agenor Alvarez da Silva, uma reunião será feita dentro de seis meses para avaliar o funcionamento da resolução e fazer modificações, caso necessário. "Se tiver algo amarrando o sistema, isso poderá ser revisto e corrigido", disse Silva ao Estado. A resolução só entrará em vigor em 30 dias, para que a agência tenha tempo de orientar seus fiscais. As novas regras vão se somar a uma instrução normativa da Receita Federal, publicada em dezembro, que dá prioridade para a liberação de materiais de pesquisa, permitindo que eles passem pelo "canal verde" de fiscalização. Tanto a Receita quanto a Anvisa utilizarão como referência o cadastro de pesquisadores no Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). "Se a pesquisa estiver aprovada no CNPq, o pesquisador está autorizado a fazer as importações", disse Silva. Em novembro, o governo baixou decreto com ordens expressas para que todas as normas sobre importação de bens de pesquisa fossem simplificadas no prazo de 90 dias.

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