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Antiinflamatório na mira da Anvisa

Após suspensão nos EUA, Austrália, Reino Unido e Alemanha, segurança no uso do Prexige será avaliada no País

Por Emilio Sant'Anna
Atualização:

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) quer saber a real proporção entre os riscos e os benefícios do antiinflamatório Prexige (lumiracoxibe), retirado anteontem do mercado no Reino Unido e na Alemanha. Nos dias 4 e 5 de dezembro, o medicamento do laboratório suíço Novartis passará pela análise da Câmara Técnica de Medicamentos (Cateme), órgão da agência, podendo até mesmo ter sua venda suspensa no País. Desde que entrou no mercado, em 2005, o remédio - indicado para o tratamento da osteoartrite e dores crônicas - foi relacionado com pelo menos 20 casos de problemas hepáticos graves no mundo todo, incluindo dois que resultaram na morte do paciente e três que tiveram de recorrer a um transplante de fígado. No Brasil, o Prexige responde por 5% do mercado de antiinflamatórios. Até agora, dois casos de complicações pelo uso do remédio foram registrados. O gerente de Farmacovigilância da Anvisa, Murilo Freitas Dias, não descarta a possibilidade de suspensão. "A outra possibilidade é manter a venda com ajustes na prescrição", diz. Nos últimos meses, a venda do remédio foi suspensa em países como a Austrália e Canadá. Em setembro, o FDA (agência americana reguladora de alimentos e remédios) rejeitou o registro do antiinflamatório nos Estados Unidos. Anteontem, foi a vez de Reino Unido e Alemanha retirarem a droga de circulação. A empresa informou que o mesmo deve ocorrer na Áustria, até que o Comitê para Produtos Medicinais de Uso Humano (CHMP), responsável pela revisão de medicamentos na União Européia, adote uma posição. De acordo com o gerente médico da Novartis no Brasil, João Navarro, a empresa aguarda o posicionamento da Anvisa para tomar uma decisão. O médico, no entanto, acredita em um resultado favorável ao laboratório. "Todo medicamento tem riscos e benefícios e nós acreditamos que nesse caso os benefícios são maiores", diz. A empresa envia relatórios mensais sobre o Prexige para as agências reguladoras de medicamentos de todo o mundo, a Anvisa entre elas. Agora, o órgão brasileiro pretende fazer uma revisão completa de todos os dados disponíveis sobre o remédio da Novartis, incluindo os últimos relatórios que podem ter baseado as decisões de Reino Unido e Alemanha. ORIENTAÇÕES O Prexige é um antiinflamatório da classe dos inibidores da enzima COX-2, que estimula a produção de hormônios que desencadeiam as inflamações e a dor. Os antiinflamatórios tradicionais, além de inibir a COX-2, suprimem a enzima COX-1, que provoca a produção de substâncias que protegem o estômago contra a acidez. Por esse motivo, problemas gástricos como úlceras são comuns com o uso desses medicamentos. O tratamento com o Prexige deve durar no máximo dez dias. Para casos de osteoartrite, as doses diárias não devem ultrapassar 100 miligramas. Para cólicas menstruais e dores crônicas, o tratamento é feito com doses de 400 mg. O gerente da Anvisa explica que pacientes com sintomas como náuseas, perda de apetite e cor amarelada na pele devem suspender o uso do remédio e procurar um médico. "Esses são sintomas de hepatite, que pode ter sido causada pelo medicamento", diz. COM EFE REPROVADOS Vioxx: Em 2004, os riscos de acidentes vasculares associados a esse antiinflamatório foram reconhecidos com base em estudos do próprio fabricante: o laboratório Merck Sharp & Dohme. Neste mês, a empresa se comprometeu a pagar US$ 4,85 bilhões para resolver a maioria das acusações de que o medicamento provocou ataques cardíacos e acidentes vasculares cerebrais (AVCs) em milhares de usuários Arcoxia: Líder no Brasil, o medicamento da Merck foi rejeitado em abril pelo FDA (órgão americano que regula medicamentos), sob a alegação de que pode aumentar o risco de doenças coronarianas Bextra e Celebra: Produzido pela Pfizer, o primeiro foi retirado do mercado em abril de 2005. O FDA alegou que o remédio aumenta a chance de reações alérgicas e eleva o risco cardiovascular. Em agosto do mesmo ano, a Pfizer anunciou a decisão de mudar a bula do Celebra - medicamento da mesma classe. Ela passou a ter a informação de que o remédio pode causar problemas cardiovasculares

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