Animais de estimação no trabalho reduzem estresse e estimulam convivência

O ‘pet day’ já acontece em grandes empresas do Brasil e melhora tanto a saúde como a produtividade dos funcionários

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Por Danielle Sanches
Atualização:
A advogada Roberta Salcedo levou sua SRD, Zoe, para o pet day na MSD Saúde Animal. Foto: Gabriel Pestana

Se você tem um animal de estimação, sabe quão prazerosa essa relação pode ser. Diversos estudos científicos já mostraram que essa interação não só provoca aquele quentinho no coração como também pode ajudar a prevenir doenças físicas e psicológicas. 

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Em um estudo conduzido por cientistas da Universidade de Azabu, no Japão, por exemplo, os estudiosos notaram que donos de cães apresentavam maiores níveis de oxitocina - conhecido como o “hormônio do amor” - no sangue. 

A oxitocina está ligada à sensação de relaxamento e bem estar, além de estimular os laços familiares. A substância também ajuda a reduzir os níveis de cortisol - conhecido como hormônio do estresse e relacionado às doenças do coração - no nosso organismo.

Os benefícios são tantos que os bichinhos saíram da esfera privada e ganharam também os ambientes corporativos. Vem crescendo o número de empresas no País que tem adotado a política de liberar a ida dos animais ao escritório em dias específicos - o chamado “pet day”.

Além de divertida, a prática traz benefícios para o ambiente de trabalho. “O animal atrai a atenção de quem gosta de bichos e acaba estimulando novas amizades. A convivência melhora”, afirma a psicóloga e escritora Marilene Kehdi. 

Essa opinião também é compartilhada por Carolina Rocha, médica veterinária especialista em comportamento animal e fundadora da Pet Anjo, plataforma de serviços de cuidados como hospedagem e pet sitter para animais de estimação. “É mais fácil se aproximar de alguém quando ele está com um animal”, diz. “Até os níveis de fofoca podem diminuir, já que as pessoas passam a falar dos cães e não dos outros”, acredita. 

A gerente de produtos Silvana Costa posa com sua cachorrinha, Luna, de 4 anos, durante o pet day da MSD Saúde Animal. Foto: Letícia G. Forster4

Funcionária da MSD Saúde Animal, empresa que promove há quatro anos um pet day, a advogada Roberta Salcedo esteve com sua SRD Zoe, de quatro anos, no evento deste ano, que aconteceu no início de maio. Ela conta que percebe a melhora na interação com as pessoas, que se sentem motivadas a falar sobre seus animais. “Elas querem conversar, contar suas histórias e parecem mais felizes. Eles [os pets] levantam a energia do ambiente”, acredita. 

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Histórias emocionantes de adoções são bastante comuns nesses dias. Colega de Roberta, a gerente de produto Silvana Costa esteve com Luna, uma chihuahua de sete anos, pela primeira vez no pet day da MSD. A cadelinha foi adotada a pedido da filha , que é portadora de Síndrome de Down. A menina, que morria de medo de cachorros, se apaixonou pela mascote à primeira vista. “Ela mudou, se tornou mais segura. As duas têm uma amizade muito bonita”, revela, emocionada. 

Engajamento. Além de promover um ambiente de trabalho mais descontraído e alegre, a realização do pet day também acaba estimulando o senso de gratidão dos funcionários para com a empresa. Isso, no longo prazo, pode ser traduzido em lealdade e maior produtividade. 

Um levantamento feito pela rede de hospitais americana Banfield, por exemplo, mostrou que sete entre dez funcionários acreditam que a presença dos animais nos escritórios tem um impacto positivo no ambiente e no desempenho de suas atividades.

Para Edival Santos, presidente da MSD Saúde Animal, essa é uma prática que tende a crescer. “As empresas estão cada vez mais preocupadas com o bem estar dos funcionários, e esse evento traz muito retorno. As pessoas se sentem mais felizes e isso se reflete no trabalho, há uma energia voluntária para fazer mais”, acredita ele, que levou sua golden retriever, Laila, no pet day da companhia. 

Presidente da MSD Saúde Animal, Edival Santos também levou sua companheira, Laila,no pet day da empresa Foto: Letícia G. Forster

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Pessoas mais satisfeitas e um ambiente mais descontraído são resultados que a Nestlé Brasil também observa ao realizar o seu pet day - que permite a ida tanto de cachorros como gatos. “As pessoas brincam mais, tiram foto, querem conversar. Percebemos que há uma socialização importante”, diz Marco Custódio, vice-presidente de recursos humanos da Nestlé Brasil. 

Custodio afirma que os benefícios podem ser colhidos por dias depois do pet day. “Vemos as pessoas comentando depois as situações e revivendo os momentos divertidos” conta ele, que lembra de uma reunião realizada com cachorro em cima da mesa. “Ele inclusive quis participar e deu alguns latidos”, conta, bem humorado. 

Cuidados. Para que o dia seja apenas de momentos felizes, é preciso que a empresa organize o evento com antecedência. Algumas áreas da empresa, como linhas de produção, por exemplo, não podem receber os animais para manter os padrões de qualidade e a segurança dos bichos. 

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É preciso também explicar aos funcionários como proceder no dia - por exemplo, cada um deve ficar responsável por limpar a sujeira do animal e mantê-lo sempre perto de si em uma guia. “Sugerimos sempre que o animal seja sociável e esteja acostumado a passear”, explica Cleber Santos, especialista em comportamento animal e responsável pela Comporpet, um centro de treinamento de cães em São Paulo. 

Ele também recomenda telas de proteção para varandas, quando existirem; e esconder a fiação dos computadores e outros aparelhos, que pode ser roída pelos animais. 

Santos, que inclusive ajuda empresas a implementar esse tipo de evento, vê ganhos para todos na iniciativa. “Os funcionários ficam mais motivados, as empresas ganham em produtividade e os animais ficam perto dos donos, o que é muito melhor do que passar o dia inteiro sozinhos em casa”, finaliza. 

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