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Alternativa precisa de incentivos do governo

Aproveitamento da energia solar requer tecnologia nova e cara

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Por Redação
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O aproveitamento em grande escala da energia solar no Brasil para produção de eletricidade depende de incentivos do governo, a exemplo do que ocorre na Alemanha e na Espanha, dois países líderes no uso da tecnologia, segundo especialistas ouvidos pelo Estado. "Não há nenhum incentivo governamental hoje para a produção de energia solar no Brasil", diz o pesquisador Enio Pereira, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). "Nosso potencial de aproveitamento é enorme, mas, sem apoio do governo, isso não vai decolar nunca." Como a tecnologia solar ainda é nova e cara, não consegue competir no mercado com as fontes tradicionais - e muito mais baratas - de energia. "No começo precisa ter subsídio", diz o físico Chigueru Tiba, da Universidade Federal de Pernambuco. "Todos os países subsidiam indústrias-chave." É o que fazem Espanha e Alemanha, que garantem a compra da energia produzida via usinas solares por um período predeterminado, até que a escala de produção se torne economicamente autossustentável. Um exemplo no Brasil seria a indústria de álcool combustível, que teve subsídios no início, ganhou escala, e agora caminha com as próprias pernas. A energia solar não está contemplada no Proinfa, programa do governo federal que busca promover o desenvolvimento de fontes alternativas de energia. Os incentivos são para energia eólica, fontes de biomassa e pequenas centrais hidrelétricas. Segundo o diretor-substituto do Departamento de Desenvolvimento Energético do Ministério de Minas e Energia (MME), Paulo Leonelli, o Proinfa foi projetado para estimular tecnologias já consolidadas, com potencial para produzir energia em grande escala e num curto espaço de tempo. "A energia solar não está ainda nesse patamar", afirma. "Acho que em alguns anos a realidade será diferente, mas, por enquanto, ainda é uma tecnologia muito cara, que não se paga por si só." Apesar de ser rico em silício, o País não possui produção de painéis fotovoltaicos, o que significa que todo o material para um projeto desse tipo teria de ser importado. Outros países já trabalham em escala comercial com tecnologias alternativas à fotovoltaica, que utilizam espelhos para concentrar a radiação solar sobre linhas de fluidos condutores de calor (como uma criança que utiliza uma lupa para incendiar uma folha de papel). Os fluidos superaquecidos são então usados para produzir vapor, que por sua vez é usado para movimentar uma turbina e produzir eletricidade. PLANEJAMENTO Em novembro, o MME criou um grupo de trabalho especialmente dedicado ao estudo do aproveitamento da energia solar no País. O grupo conta com a participação de especialistas acadêmicos e a expectativa é apresentar um plano de trabalho no prazo de seis meses a um ano. "O governo está sensível a essa questão da energia solar e vamos encontrar uma maneira de fomentá-la", afirma Leonelli.

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