PUBLICIDADE

Adaptação de genes diferencia povos

Estudo do Instituto Pasteur mostra variações na resistência a doenças

Por AFP
Atualização:

A seleção natural tem exercido um papel significativo para a diversidade das populações modernas e em suas distintas sensibilidades a doenças. A conclusão é de extenso estudo do genoma humano realizado por pesquisadores do Instituto Pasteur, publicado anteontem na página da internet da revista especializada Nature Genetics. As diferenças de cor dos cabelos, estatura e vulnerabilidade a certas enfermidades, observadas nas distintas populações hoje em dia, resultam de um processo de adaptação ao entorno. "É a primeira vez que mostramos, na escala do genoma, que a seleção natural tem participado na diferenciação das populações e em sua adaptação ao contexto", comentou Lluis Quintana-Murci, do Instituto Pasteur. A pesquisa identificou 582 genes que variam conforme as populações analisadas. Segundo os cientistas, esses genes se diferenciaram entre 60 mil e 10 mil anos atrás. Alguns desses genes estão relacionados às diferenças físicas, como pigmentação da pele e espessura dos cabelos. Outros estão associados às reações do organismo ante agentes patógenos. Assim, uma mutação do gene CR1 identificada em 85% dos africanos - mas ausente em europeus e asiáticos - resultou em maior grau de proteção contra as formas graves de paludismo. "Os genes participaram da adaptação ao entorno, e suas mutações têm agregado vantagens seletivas", destaca Quintana-Murci. A análise do instituto foi baseada em 210 indivíduos representativos das diferentes populações. O nível de diferença entre essas populações foi aferido por meio de 2,8 milhões de parâmetros. O estudo apresenta como exemplo a vulnerabilidade de afro-descendentes à hipertensão arterial e à obesidade nos Estados Unidos, que seria em parte decorrente da adaptação genética. Isso porque na África a alimentação seria mais escassa do que nos EUA.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.