Acesso a droga para gripe é difícil

Farmácias de hospitais de referência em SP atendem só pacientes internados; postos serão ampliados no Estado

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Por Redação
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Uma semana após o anúncio de que o medicamento oseltamivir, usado contra a gripe suína, estaria disponível em farmácias de hospitais de referência, pacientes que não estavam internados enfrentavam ontem dificuldade para ter acesso ao remédio em São Paulo.   Veja também:   Um dia à procura do medicamento   Servidores querem greve; Cabral ameaça com demissão A reportagem consultou 17 das 18 unidades de referência no Estado. Cinco disseram que estavam atendendo pela nova recomendação - repassavam o antiviral para pacientes que tivessem receita assinada por um médico, acompanhada de formulário. As unidades são de Araraquara, Campinas, Presidente Prudente, Santos e Emílio Ribas. O restante fornecia o oseltamivir se a consulta fosse feita no próprio hospital ou para paciente internado. "Está muito difícil de encontrar este remédio", afirmou ontem o consultor de vendas Jonas Fortunato, de 33 anos, que só obteve a formulação pediátrica para o filho de 1 ano e meio após um dia todo de procura (mais informações nesta página). A criança estava com quadro de pneumonia que agravou de um dia para o outro. Na quarta-feira passada, o Ministério da Saúde recomendou aos Estados que ampliassem os postos de distribuição do remédio, a exemplo da medida anunciada naquele dia em São Paulo. A indicação do medicamento, porém, não foi ampliada. Ou seja, o uso do oseltamivir continua restrito a pacientes com sintomas de agravamento e pessoas com gripe que apresentem fatores de risco (gestantes, portadores de doenças preexistentes, menores de 2 anos e maiores de 60). A medida visa a acelerar o acesso à droga, que, segundo as autoridades sanitárias, tem eficácia se tomada em até 48 horas após o início dos sintomas. No Rio, a distribuição passou a ser feita nos 57 quartéis do Corpo de Bombeiros. No Estado, a Secretaria da Saúde colocou na página na internet um modelo do formulário de receita, para uso dos médicos, e a lista dos postos de distribuição. Em São Paulo, começarão a funcionar mais 50 postos organizados pelo governo estadual e outras 145 unidades coordenadas pela Prefeitura de São Paulo. De acordo com a coordenadora de Vigilância em Saúde da Secretaria Municipal de São Paulo, Inês Romano, a rede está preparada para fazer a entrega dos medicamentos. "Nós dependemos do que o Estado nos repassa e ainda vamos identificar quais unidades serão mais procuradas", afirma. CASOS A reportagem esteve ontem no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, na zona oeste da capital paulista, uma das 18 farmácias de referência. A droga não estava disponível para pacientes que chegavam, sem estar internados. Uma enfermeira disse que era preciso uma receita do hospital. Na área reservada a pacientes com suspeita da gripe do Hospital do Grajaú, na zona sul, o Tamiflu, segundo enfermeiras e a responsável pelo atendimento, só era dado para os doentes que passavam pelo atendimento no local ou que estivessem internados no instituto. "Isso não existe. Quem chega com receita de fora não tem como retirar aqui. Só fornecemos para quem está internado", explicou uma funcionária. No Hospital São Paulo, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), a mesma situação: apenas pessoas que passaram pelo processo de atendimento da instituição conseguiam o remédio. No Hospital-Geral de Guarulhos, na Grande São Paulo, a diretora técnica Agnes Ferrari explicou que "não existe a prática de retirar Tamiflu com receita (de médico) particular". O Hospital Guilherme Álvaro, em Santos, referência do Estado na Baixada Santista, no entanto, é um dos casos em que estão distribuindo Tamiflu para todos os pacientes que comparecem à farmácia com uma receita médica, seja de um médico do Sistema Único de Saúde (SUS) ou da rede privada, acompanhada de formulário. A farmácia funciona 24 horas. Os últimos dois boletins do Ministério da Saúde informam que, pela mediana, tem demorado três dias para tratamento da gripe no País. FABIANE LEITE, LUCAS FRASÃO, MARIANA MANDELLI, EMÍLIO SANT?ANNA E REJANE LIMA COMO PROCEDER Pacientes com sintomas de gripe e que apresentem fatores de risco (como gravidez, obesidade e outros que possam afetar o sistema imunológico ou o respiratório), mas que não precisaram ser internados, podem retirar, nos postos de distribuição, o antiviral oseltamivir (tratamento indicado para a gripe suína, composto de dez cápsulas que devem ser tomadas por dez dias) O remédio só será distribuído se o formulário padronizado estiver completamente preenchido, acompanhado de receita com a prescrição do medicamento (inclusive com a dosagem, em se tratando de crianças e adolescentes). Ambos devem ser carimbados e assinados pelo médico O paciente, ao receber o remédio, deve ficar com a receita. O formulário deve ser encaminhado pelo posto de distribuição à Secretaria de Estado da Saúde, que vai repor os estoques com base no número de formulários recebidos Durante o tratamento com o oseltamivir, o paciente deverá ser monitorado pelo seu médico. Se o paciente precisar ser internado, o médico deve informar ao hospital de destino as condições clínicas, as justificativas da indicação do tratamento e o tempo de utilização do medicamento

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