Abaixo-assinado protesta contra corte do orçamento

Em dezembro, Congresso aprovou redução de R$ 1,2 bilhão no dinheiro disponível para ciência e tecnologia

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Por Alexandre Gonçalves
Atualização:

Coordenadores dos Institutos Nacionais de Ciência e Tecnologia (INCT) ligados à Universidade de São Paulo (USP) lançaram um manifesto público contra a diminuição dos recursos alocados para o Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT). Em dezembro, o Congresso aplicou um corte de R$ 1,2 bilhão nos R$ 6 bilhões previstos pelo Executivo para o orçamento da pasta em 2009. Opine: o corte no orçamento da ciência e tecnologia é necessário? O manifesto, redigido por 17 pesquisadores, está disponível na internet (www.edm.org.br/edm/manifesto.aspx). Até o fechamento desta edição, mais de 2.300 pessoas haviam inscrito seus nomes no site. Para aderir, basta preencher um formulário online. Coordenadores de institutos fora de São Paulo já foram contactados e é provável que muitos apoiem o manifesto, segundo a geneticista Mayana Zatz, pró-reitora de Pesquisa da USP. Ela lidera o INCT de Células-Tronco em Doenças Genéticas Humanas, um dos 101 grupos de pesquisa criados recentemente dentro do Programa de Institutos Nacionais de Ciência e Tecnologia do MCT, que pretende investir R$ 600 milhões nos próximos cinco anos. Mayana considera um péssimo negócio cortar investimentos em pesquisa durante épocas de crise. "Nos Estados Unidos, houve corte em todas as áreas, exceto em ciência e tecnologia", afirma a geneticista. "Ocorreu o mesmo na Grã-Bretanha." O manifesto defende a política de aumento gradual nos investimentos em ciência e tecnologia aplicada nas últimas duas décadas. De acordo com Marcos Buckeridge, coordenador do INCT do Bioetanol, frear agora é um retrocesso. Ele considera especialmente danosa qualquer diminuição nas bolsas de estímulo à pesquisa. "As bolsas movem a ciência no País", aponta Buckeridge. "Cortar causaria uma redução proporcional na produtividade científica." O ministro Sérgio Rezende afirma que já negociou com o Ministério do Planejamento para garantir a manutenção das bolsas e reverter uma boa parcela do corte. O vice-presidente da Academia Brasileira de Ciências (ABC), Hernan Chaimovich, elogia a ação do Poder Executivo. "Mostra que ciência e tecnologia não são vistas apenas como responsabilidades de um ministério, mas como política de Estado", aponta Chaimovich. Ele considera positivo o manifesto, por usar um tom sereno e fomentar o debate. Mas considera que, agora, o desfecho está nas mãos do governo federal. NÚMEROS R$ 6 bilhões é o orçamento previsto pelo Ministério da Ciência e Tecnologia R$ 1,2 bilhão é o corte efetuado no Congresso 1,5% do PIB é quanto o governo quer investir em ciência até 2010; está em 1%C

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