97% das nações autorizam aborto para salvar vidas

Pela saúde física, 67% defendem prática, mas menos da metade adota procedimento em caso de estupro

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Por Jamil Chade
Atualização:

Se os motivos econômicos e de cunho social não são bem vistos ainda na maioria dos países em desenvolvimento, o levantamento da ONU constata que 97% dos países autorizam aborto para salvar vida das mães, enquanto 67% deles aceita a prática para preservar a saúde física. No caso de estupro, porém, menos da metade dos países (48%) contam com leis que permitem o procedimento. Entre os países pobres, apenas 37% aceitam o argumento para justificar uma intervenção. Já nos países ricos, 84% deles contam com leis que autorizam em caso de violação sexual. Em 35 países, todos eles pobres, a taxa de fertilidade supera ainda a marca de cinco crianças por mulher. A média mundial é de 2,6 filhos por mulher e, nos países ricos, a taxa é de 1,6. Segundo os dados coletados pela ONU, o maior índice de abortos ocorre na Rússia, com 53,7 casos para cada mil mulheres. Outros países com altos índices são o Vietnã, com 35 para cada mil mulheres, 33,3 na Estônia, 24,8 em Cuba, 24,2 na China e 20,8 nos Estados Unidos. Na Europa, os índices são mais baixos, com 1,3 na Áustria, 5 na Croácia, 7,8 na Alemanha e 8 para cada mil espanholas. ANENCEFALIA A disparidade entre países desenvolvidos e pobres aparece também no caso da interrupção da gravidez de fetos com anencefalia - ausência de cérebro. A prática, aplicada somente com autorização judicial no Brasil, é proibida apenas nos países islâmicos, africanos e boa parte da América Latina, segundo levantamento da Organização Mundial da Saúde (OMS). Como não têm cérebro, os fetos não têm chance de viver. Por causa disso, a discussão foi superada até em países de tradição católica, como Itália, Espanha e Portugal. Estados Unidos e Canadá também autorizaram abortos nesses casos.

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