69% dos jovens aprovam o ensino público no País

Adolescentes também apontam corrupção como pior problema brasileiro

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Por Eleni Trindade
Atualização:

Para o jovem brasileiro, a educação é um dos principais fatores para ter sucesso na vida. Entre 3.010 adolescente de 15 a 19 anos ouvidos na pesquisa "Adolescentes e Jovens do Brasil: Participação Social e Política", a maioria - 69% - estudou ou estuda em escola pública e está satisfeita com o seu aprendizado. Entre os fatos de aprovação, estão o preparo dos professores (64%), os colegas (43%) e as atividades culturais e esportivas (35%). Mesmo satisfeitos, os estudantes afirmam que ainda há problemas na escola: falta de aulas e vagas (25%), má organização ou direção da escola (23%) e falta de estrutura (18%). O estudo, divulgado ontem, foi feito pelo Ibope para o Unicef, a Fundação Itaú Social e o Instituto Ayrton Senna. Além de estar preocupado com o próprio futuro, esse jovem também se preocupa com a realidade do País e aponta a corrupção na política, a falta de segurança e a discriminação racial como os principais problemas brasileiros. O objetivo do estudo é orientar ações de governos e ONGs na elaboração de políticas públicas para os jovens. Por isso, o universo pesquisado se estendeu a capitais e interior do País, e incluiu indígenas. Os jovens responderam perguntas abertas e poderiam citar mais de uma opção para cada questão. Como fator considerado mais importante para ter sucesso na vida foram citados escolaridade (49%), oportunidade de emprego (47%) e esforço individual (47%). "Para os jovens a educação é tema central e faz parte de seu projeto de vida, mesmo para os que estão fora da escola", afirma Mário Volpi, coordenador do Programa de Cidadania dos Adolescentes do Unicef no Brasil. Para Wagner Santos, coordenador do Programa Jovens Urbanos do Centro de Estudos e Pesquisas em Educação, Cultura e Ação Comunitária (Cenpec), o fato de maioria dos estudantes de escola pública estar satisfeita com a instituição, mesmo cientes da baixa qualidade do ensino, não é sinal de conformismo. "A escola faz parte da agenda dos jovens porque eles sabem que ela é útil para o futuro, mas ao mesmo tempo sabem que a qualidade do ensino está longe do ideal e conseguem identificar o que precisa ser melhorado." Ana Carolina Araújo da Cruz sempre estudou em escola pública e concorda com a maioria dos jovens pesquisados: a escola é muito importante para o futuro. Aos 15 anos, ela cursa o 1º ano do ensino médio e é voluntária na biblioteca da comunidade Heliópolis, na zona sul de São Paulo. "O que aprendemos hoje vai ser muito útil, seja qual for a profissão que escolhermos", afirma ela, que mesmo gostando da escola onde estuda, lembra que ela ainda precisa melhorar. "Falta abrir a biblioteca para quem estuda à noite e reativar a sala de informática." PREOCUPAÇÕES A pesquisa indica, ainda, que os jovens estão atentos ao que acontece no País. Entre os motivos de vergonha do Brasil estão a segurança pública (20%) e os políticos e a política (20%). Para eles, os fatores que levam aos problemas sociais do Brasil são a corrupção política (27%), a discriminação racial (17%) e a falta de segurança (15%). "Ao contrário do mito que o jovem é alienado e individualista, a pesquisa mostrou que eles têm uma visão crítica em relação ao País e mostram preocupação com questões coletivas", ressalta Margareth Goldemberg, diretora-executiva do Instituto Ayrton Senna. NÚMEROS 64% dos 3.010 jovens entrevistados apontaram como ponto positivo o preparo dos professores 25% deles avaliaram como pontos negativos tanto a falta de aulas quanto a falta de vagas nas escolas 45% dos entrevistados cursam de 5.ª a 8.ª séries do ensino fundamental

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