2ª vacina anti-HPV será mais barata

Valor mínimo do produto contra câncer de colo de útero é de R$ 216,55; no mercado já há outra marca

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Por Emilio Sant'Anna
Atualização:

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou ontem o preço da Cervarix, vacina para a prevenção de câncer de colo de útero, do laboratório GlaxoSmithKline. O valor autorizado pela agência é de R$ 249,78 para cada dose. Como o produto tem isenção de impostos, hoje já pode ser vendido por R$ 216,55. Para a proteção completa são necessárias três aplicações, o que eleva o preço do tratamento para R$ 649,55. No entanto, como a aplicação deve ser feita em clínicas especializadas, o valor para as pacientes deve ser maior com o acréscimo de custos e taxas do serviço. Mesmo assim, a vacina da GSK chega ao mercado brasileiro com preço menor do que o da concorrente Gardasil, da Merck, com preço estipulado em R$ 346,16 pela Anvisa - e encontrado por até R$ 500 a dose nas clínicas particulares. A indicação da Anvisa é para mulheres entre 10 e 25 anos, seguindo orientação da Organização Mundial da Saúde (OMS). A vacina da GSK proporciona proteção contra quatro tipos de HPVs - 16, 18, 31 e 45 - responsáveis por aproximadamente 80% dos casos da doença. O câncer de colo de útero é a segunda maior causa de mortes por câncer entre mulheres, atrás apenas do tumor de mama. Segundo o gerente médico da área de vacinas da GSK, Pedro Lima, o tempo de proteção comprovado da vacina é de 6,5 anos. No entanto, afirma que novas simulações apresentadas em congressos internacionais elevam esse período para cerca de 20 anos. "Agora iniciaremos o seguimento das pesquisas por no mínimo mais três anos, ou seja, teremos uma vacina com 9 anos e meio de eficácia comprovada", afirma. De acordo com o laboratório, dados recentes de um estudo com a vacina - realizado com mais de 700 mulheres com idades entre 15 e 25 anos, conduzido em 28 centros no Brasil, Canadá e EUA - demonstraram 100% de eficácia na prevenção das lesões pré-cancerosas. Segundo Lima, a vacina oferece proteção ainda contra a infecção causada pelos tipos virais 31 e 45 e também gerou níveis altos de anticorpos contra os tipos de HPV 16 e 18. INCLUSÃO De acordo com dados apresentados pela OMS na última semana, o número de casos de câncer de colo de útero deve dobrar na América Latina nos próximos 12 anos, como informou o Estado. A recomendação do órgão ligado à ONU é que os países da região negociem a redução do preço da vacina com os laboratórios para incluí-la em seus calendários oficiais de vacinação. A pesquisa estima que a prevalência do HPV entre as mulheres latino-americanas e caribenhas entre 15 e 24 anos varie entre 20% e 30%. Entre os homens, o índice é de cerca de 20%. No Brasil, segundo estimativa do Instituto Nacional de Câncer (Inca), a doença matará 18.680 mulheres no Brasil este ano. "Em alguns lugares do continente, a doença mata mais do que o câncer de mama, pois o acompanhamento médico e os exames não são feitos de forma correta", diz o oncologista Júlio Teixeira, da Unicamp. Teixeira calcula em cerca de 20 anos o tempo necessário para que a vacinação das mulheres latino americanas resulte em reduções significativas das mortes.

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