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18 pessoas são denunciadas por fraude do leite

Investigação começou em 2007 com Operação Ouro Branco da PF

Por Eduardo Kattah
Atualização:

O Ministério Público Federal (MPF) ofereceu ontem denúncia à Justiça contra 18 pessoas, acusadas de participação em um esquema de adulteração do leite na Cooperativa dos Produtores de Leite do Vale do Rio Grande (Copervale), de Uberaba, no Triângulo Mineiro. Os denunciados, entre eles um fiscal agropecuário federal, um engenheiro químico e diretores da Copervale, poderão responder por crime contra a saúde pública e formação de quadrilha. Conforme a acusação formal - que encerra o inquérito aberto pela Polícia Federal - a fraude vinha ocorrendo há cerca de dois anos. Era adicionado ao leite uma solução, composta por soda cáustica, ácido cítrico, citrato de sódio, sal, açúcar e água. O objetivo era aumentar o volume do produto e seu prazo de validade. O MPF destaca que ao leite eram adicionadas ''substâncias nocivas à saúde humana e capazes de reduzir seu valor nutricional''. De acordo com depoimentos, a Copervale beneficiava 120 mil litros de leite diariamente, mas a fraude era realizada somente no leite longa vida integral. A denúncia é resultado da Operação Ouro Branco da PF e MPF, em outubro de 2007. A operação apurou as denúncias de fraudes praticadas pela Copervale e outra cooperativa mineira, a Casmil, de Passos, no sul do Estado. No caso da Casmil, o inquérito ainda está em andamento. O engenheiro químico Pedro Renato Borges foi denunciado acusado de desenvolver a substância adicionada ao leite. Para o MPF, o diretor-presidente da Copervale, Luiz Gualberto Ribeiro Ferreira, teria determinado a adição da solução, ''com o objetivo de auferir maior lucratividade com a venda do produto.'' Outros dirigentes e os funcionários que sabiam da fraude também foram denunciados. O fiscal agropecuário do Serviço de Inspeção Federal (SIF) - órgão ligado ao Ministério da Agricultura -, Afonso Antônio da Silva, foi acusado de ser conivente com o processo. PRISÃO Em nota, a Copervale afirmou que a diretoria não teve acesso ao conteúdo da denúncia e que aguarda o julgamento do mérito. O engenheiro químico Pedro Renato não foi localizado ontem pelo Estado. Afonso Antônio da Silva preferiu não se pronunciar. Se a denúncia for recebida pela Justiça, os acusados irão responder por crimes cujas penas, somadas, podem chegar a 11 anos de prisão.

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