‘Se eu digo uma coisa, tenho que praticar’, disse Alexandre Garcia sobre saída da CNN

Jornalista foi demitido da emissora após defender tratamento precoce contra a covid-19

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Por Bárbara Correa
Atualização:
Alexandre Garcia em vídeo no Youtube Foto: Youtube/ Alexandre Garcia

Alexandre Garcia se pronunciou sobre a demissão na CNN neste domingo, 26. A emissora rescindiu o contrato com o jornalista na sexta-feira, 24, após ele defender o tratamento precoce contra a covid-19 com o uso de medicamentos sem eficácia comprovada.

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Em um vídeo no canal dele no Youtube, Alexandre afirmou que foi perguntado sobre a CPI da covid, vacinação e tratamento, e que não podia "decepcionar àqueles que foram meus alunos ao longo de todos esses anos".

No início do vídeo, Garcia deu boas-vindas aos "quase 200 mil novos seguidores" que ele afirma ter ganhado desde sexta, 24, quando foi demitido. O canal tem mais de dois milhões de inscritos atualmente.

Ele leu a nota da CNN sobre a demissão, ficou em silêncio por alguns segundos e disse “pois é”. "Se eu digo uma coisa, eu tenho que praticar. E eu tenho dito: pensem com a sua cabeça (...) não permitam que professores façam uma lavagem cerebral em você, não permita que o medo dos seus colegas faça com que você se encolha", disse.

"Você pode até me contrariar, é normal. O que não pode ser normal é que a pessoa seja um rebanho, acéfalo, sem pensamento", completou. Na publicação, o comunicador, que era comentarista do quadro Liberdade de Opinião, do programa Novo Dia na CNN, não falou especificamente do tratamento precoce.

Alexandre também alegou que receber um "limão é presente porque sai uma limonada". "E o presente é o mais importante, porque constrói o futuro. Sigamos presentes e juntos". 

No fim, Garcia afirmou que estava vestindo uma camisa que tem mais de 35 anos e um relógio que tem 50 anos. "Será que isso é conservadorismo? E é bem simbólico: está novo, usa-se, está bonito. Meu avô era conservador e vivia pesquisando coisas novas. Então, é isso, não é ficar preso ao passado, é ter os valores do passado, a beleza do passado, a funcionalidade das coisas do passado e sempre buscar novidade, inovação, progresso".

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Entenda o caso

No quadro Liberdade de Opinião, o jornalista afirmou que "remédios sem eficácia comprovada salvaram milhares de vidas". O comentarista também defendeu a Prevent Senior, empresa investigada pela CPI da covid-19, acusada de adulterar registros de prontuários de pacientes e de realizar testes com medicamentos ineficazes sem comunicar os participantes dos estudos.

"Essa questão de eficácia comprovada a gente só vai saber daqui uns três anos", argumentou Garcia. "Agora tudo é experimental." Ao final do quadro, a apresentadora Elisa Veeck desmentiu Alexandre. 

"A CNN ressalta que não existe um tratamento precoce comprovado cientificamente para prevenir o coronavírus. O que a ciência mostra é que a prevenção, com o uso de máscaras e a vacinação, são as únicas maneiras de combater a pandemia", disse.

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Ela também reforçou que as opiniões dos comentaristas não refletiam a posição da emissora. No mesmo dia, a CNN anunciou a demissão de Garcia. "A decisão foi tomada após o comentarista reiterar a defesa do tratamento precoce contra a covid-19 com o uso de medicamentos sem eficácia comprovada", diz comunicado. A emissora diz que o quadro dele continuará no ar, mas não diz quem será seu substituto.

Esta não foi a primeira vez que Alexandre foi desmentido no ar. No dia 19 de agosto, ele afirmou durante uma transmissão ao vivo que jovens não precisariam tomar vacina contra o coronavírus. Minutos após os comentários, Elisa Veeck leu um comunicado dizendo que procurou o infectologista Renato Kfouri para esclarecer o tema.

*Estagiária sob supervisão de Charlise Morais

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