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Sally Field na 'fase mais nova' da sua vida

'Há coisas esperando por mim que eu não poderia descobrir se não tivesse chegado até aqui', confessa

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Por Redação
Atualização:
Sally Field no Museu Whitney Foto: Uma Rong Xu|The New York Times

Se Sally Field pretendia evitar o convite do Whitney Museum of American Art este mês, se frustrou quando esticou seu 1,60 metro de altura numa espécie de sofá de proporções exageradas, cuja superfície acolchoada é um convite a relaxar.

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Mas logo descobriu que não era nada disso. O seu corpo deixou uma impressão térmica captada numa cor verde fluorescente numa tela de vídeo próxima, parte de uma instalação interativa que explora a vigilância em massa, de autoria da artista e cineasta Laura Poitras.

"É uma coisa realmente perturbadora", murmurou Sally ao sair. Ela estava muito bem em sua camuflagem para sair, com uma camisa xadrez J. Crew e jaqueta de couro preta de Bottega Veneta, uma espécie de armadura urbana discreta e juvenil.

Sally Field, que cativou o público de TV no seriado dos anos 1960 A noviça voadora, há muito está acostumada a uma espécie de vigilância informal. Ignorando tranquilamente os olhares embasbacados dos transeuntes, ela foi para o terraço do museu, um dos lugares favoritos da atriz que se desloca continuamente entre sua casa em Los Angeles e Nova York.

E é aí também que se refugia dos olhares curiosos. O que será que as pessoas acham dela?

"Não sei", respondeu calmamente. "Elas não me tratam como se eu fosse um ser humano. Elas me transmitem uma energia diferente do olhar que dirigiriam para a mulher mais velha ao lado deles num ônibus ou no elevador".

A fama lhe proporcionou alguns conflitos, confessa. "Durante toda a minha vida fui considerada de certo modo uma celebridade", disse Sally, que aos 18 anos foi a surfista Gidget no seriado de TV do mesmo nome. "Mas ainda quero ir ao mercado puxando meu carrinho de velha senhora atrás de mim".

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Durante estas excursões rotineiras, "coloco um boné com viseira, não quero que as pessoas me vejam, aliás quero não me vejam".

Todos os olhos se fixaram em Sally naquela semana, quando saltou ágil do automóvel para assistir à estreia de Hello, My Name Is Doris, convidada pela Cinema Society no Metrograph, um novo cinema em Ludlow Street.

Entre os convidados estavam Michael Showalter, o diretor do filme, e integrantes do elenco, como Natasha Lyonne e Tyne Daly, bem como Paul Rudd, Emily Mortimer e a colunista Cindy Adams, exibindo a colmeia que é sua marca enquanto entrevistava Sally num canto, tomando notas num caderninho no estilo dos repórteres de outras épocas.

Como o personagem do título do filme, uma cativante e ligeiramente desequilibrada contadora de seus 60 e poucos anos, Sally nutre uma paixão obsessiva por um colega de trabalho muito bonito, dezenas de anos mais novo que ela. Tendo de se arranjar por conta própria após a morte da mãe, ela descobre surpresa um lado aventuroso, divertido e excêntrico.

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Não só Doris alimenta fantasias calientes a respeito de um homem muito mais jovem, como se aventura num terreno inexplorado, posando para capas de álbuns de rock e dançando num clube subterrâneo vestida com um macacão de cor amarela berrante, tipo sinal de trânsito.

A exótica escapada de Doris faz "parte de uma espécie de rejuvenescimento, como uma passagem de idade", comentou. "Mas é complicado ser jovem e desajeitada e abrir­se para as próprias vulnerabilidades".

Aos 69 anos, ela pode contar: "Estou entrando na fase mais nova da minha vida, meus 70", afirmou corajosamente. "Há coisas esperando por mim que eu não poderia descobrir se não tivesse chegado até aqui".

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Inclusive o roteiro do tipo de Ensina­me a viver sugerido por Doris? Aparentemente não está fora de questão.

Sally, que se casou duas vezes e teve um relacionamento longo e muito divulgado com Burt Reynolds, disse recentemente no programa The Ellen DeGeneres que não se safaria a adquirir um garotão para brincar.

"Se ele quiser se apresentar e perguntar: 'Que tal eu?' vou avaliar a situação", ela disse.

Voltando ao assunto na entrevista no Witney. "O sexo está no relacionamento de todo mundo com todo mundo", pontificou. "Ele distingue os seres humanos. Faz parte de um pacote, independentemente da época da vida em que nos encontramos ou da pessoa com quem estamos".

"Evidentemente, segundo a sociedade, faz parte do pacote a necessidade de a pessoa ter de ser muito, mas muito jovem, e muito, mas muito magra", acrescentou. "Mas não acho que haja uma data de vencimento, como a das caixinhas de leite"./Tradução de Anna Capovilla

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