Os dez clipes mais assistidos de Britney Spears e a história por trás deles

Para celebrar o aniversário de 20 anos de ‘Baby One More Time’, relembramos os bastidores dos vídeos da cantora mais vistos no YouTube

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Foto do author João Ker
Por João Ker
Atualização:
Cena do videoclipe '...Baby One More Time', de Britney Spears Foto: Reprodução

Há 20 anos, Britney Spears estava surgindo no mundo como uma popstar adolescente, prestes a dominare tópicos de conversa pelas próximas duas décadas. Seu primeiro single, ...Baby One More Time, foi lançado em 23 de outubro de 1998, tornando-se a canção mais vendida daquele ano. Um mês depois, em 24 de novembro, o clipe para a música estreou na MTV, com uma jovem de 17 anos que estava prestes a se tornar um dos maiores símbolos de sua geração.

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De lá para cá, Britney tornou-se uma das principais artistas na história da música pop, abrindo o caminho para as estrelas de hoje. Maternidade, gordofobia, machismo, saúde mental e objetificação sexual. Os rótulos que ela enfrentou no início dos anos 2000 ajudaram a moldar a forma como essas discussões são encaradas pelas Taylor, Arianas, Selenas e Rihannas de hoje.

Sabendo alimentar-se da obsessão que a mídia tinha sobre sua imagem, Britney usou as polêmicas com seu nome como via de mão dupla para abastecer seus clipes e depois reiniciar o ciclo de manchetes a seu respeito com cada vídeo que lançava. Caminhando em uma linha tênue entre o que acontecia em sua vida pessoal e o que mostrava na profissional, ela foi de personalidade mais odiada da internet em 2003 à mulher com o maior cachê de Las Vegas, recebendo hoje cerca de 500 mil dólares por show.

Para celebrar os 20 anos do clipe de Baby One More Time, o E+ fez uma seleção com os dez vídeos mais assistidos de Britney Spears no YouTube e a história por trás de cada um. Confira:

 

10. ‘Gimme More’

Depois de ter raspado o cabelo, sido fotografado sem calcinha, curtido noitadas com Lindsay Lohan e Paris Hilton e atacado um paparazzo com guarda-chuva, Britney finalmente voltou a atrair manchetes por causa de sua música. Gimme More foi o primeiro gostinho que o público teve do álbum Blackout e o vídeo que o acompanha já tinha sido motivo de especulações antes mesmo do seu lançamento. 

Fotos do set mostraram Britney vestida de viúva e os rumores apontavam que ela teria gravado uma cena enterrando a si mesma (na época, alguns jornais e tabloides já tinham seu obituário na gaveta, esperando para ser publicado a qualquer momento). Tal sequência acabou ficando de fora da versão oficial (algumas cenas vazaram em 2015), mas, ainda assim, o corte final despertou ultraje na mídia por incluir imagens de Britney rebolando em um mastro enquanto fazia topless. 

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Para além das questões sobre sua habilidade materna, Britney também foi atacada por sua forma física, o que só piorou após uma apresentação desastrosa no VMA daquele ano. Gimme More pode não ser nem de longe um dos seus melhores videoclipes, mas é um produto fundamental para entender o que 2007 representou na cultura pop e na vida da cantora, que apesar de tudo colocou a música no #3 da Billboard e lançou um dos álbuns mais aclamados pela crítica em toda a sua carreira.

 

9. ‘Circus’

Como parte do seu 'retorno' em 2008, Britney voltou com uma sonoridade extremamente pop (se afastando do urbano eletrônico que apresentou em 2007) e uma turnê mundial, The Circus Starring Britney Spears. A faixa que dá título ao disco foi usada como motor promocional por trás dessa divulgação e, para a alegria e surpresa da crítica e dos fãs, mostrava Britney de volta à sua antiga forma física e no controle de sua carreira. O clipe dirigido por Francis Lawrence (o mesmo de I'm a Slave 4 U e que mais tarde comandaria a franquia Jogos Vorazes) mergulha nessa temática e, pelo making of visto no documentário For The Record, a própria cantora estava feliz por estar de volta aos sets. O esforço valeu a pena e, com Circus, apopstar garantiu seu 5º disco no topo dos listas.

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8. ‘Till The World Ends'

Um dos principais meios de divulgação ao longo da carreira de Britney sempre foram as pistas de dança, vide as 11 vezes em que ela atingiu o topo dos sucessos de Club/Dance da Billboard. Nesse clipe do álbum Femme Fatale, Britney retoma a estética apresentada em I’m a Slave 4 U (uma referência direta, como ela explica no making of exibido pela MTV), com muita dança, suor e dançarinos próximos. A música invadiu as rádios e, para ajudar na promoção, um remix com Kesha (compositora original da faixa) e Nicki Minajfez com que o single chegasse ao #3 das paradas gerais, aproveitando o sucesso do álbum, que se tornava o 6º da carreira de Britney a estrear no topo.

7. ‘Oop!... I did It Again’

Após ter vetado o conceito de Power Rangers que o diretor Nigel Dick havia sugerido para ...Baby One More Time, Britney cedeu à temática futurista e embarcou nessa viagem para Marte, incluindo até uma referência a Titanic. O que poucos sabem é que, durante as gravações, uma câmera caiu na cabeça da artista, que ainda assim decidiu prosseguir com as filmagens mesmo sob as reclamações de sua mãe, que queria levá-la ao hospital e processar a produtora responsável pelo clipe. O icônico macacão vermelho de vinil, além de ter requisitado aplicações de talco no corpo da popstar, foi inspirado na atitude e nos looks de Elizabeth Hurley no primeiro filme da franquia ‘Austin Powers’. 

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6. ‘Womanizer’

Filmado ao longo de dois dias, o clipe de Womanizer teve a difícil missão de ser o primeiro produto da "nova Britney", uma popstar que, em tese, havia deixado as baladas e o drama para trás e estava pronta para dominar as paradas de novo. O risco era alto: Blackout, o disco anterior, foi o primeiro de sua carreira a não chegar ao topo das listas de venda e ela precisaria trabalhar dobrado para garantir o sucesso de Circus

Para a tarefa, ela recrutou o time responsável pelo seu sucesso de antes. A música é produzida por Max Martin (o mesmo de Baby One More Time) e o vídeo levou a assinatura de Joseph Khan, com quem ela não trabalhava desde Toxic. Em entrevista, Khan revelou que seu principal objetivo durante as filmagens era mostrar como a popstar estava de volta à boa forma física e, por isso, decidiu colocá-la completamente nua em uma sauna. A sequência teve que ser editada depois, para cobrir o corpo de Britney com efeitos de fumaça e assim garantir que ela não fosse censurada novamente pela MTV. Missão cumprida: Womanizer atingiu o topo das paradas, permanecendo nos topos das listas por 23 semanas.

5. ‘I Wanna Go’

Depois do sucesso de Till The World Ends, a gravadora decidiu promover ainda mais o álbum, com um terceiro clipe (foi a última vez que um álbum de Britney teve esse reconhecimento pela Jive) dirigido pelo novato Chris Marrs Piliero. O objetivo era mostrar um lado divertido da popstar e se aproveitar da veia cômica que nunca tinha sido explorada em sua videografia. Para isso, Chris construiu um universo cheio de referências à cultura pop e à própria carreira de Britney. 

Em uma das cenas, é possível ver o anúncio de uma sequência para o filme Crossroads. Em outro momento, Britney aparece vestindo um top com caveira do Mickey, remetendo ao seu passado no Mickey Mouse Club (responsável também por lançar Christina Aguilera, Ryan Gosling e Justin Timberlake). A sequência da coletiva de imprensa que abre o clipe é diretamente inspirada na comédia Pra Lá de Bagdá (1998), estrelada por Guillermo Diaz (Weeds e Scandal), que no vídeo interpreta o segurança e interesse romântico da popstar. Ao fim, há também uma ode a Michael Jackson e ao final de Thriller

4. ‘Work Bitch’

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Considerada como uma espécie de aposentadoria para artistas no fim de suas carreiras, a residência que Britney firmou em Las Vegas, em 2013, marcou a primeira vez que uma cantora de sua geração estacionava na cidade. A jogada abriu o caminho para nomes como Mariah Carey, Jennifer Lopez, Backstreet Boys, Gwen Stefani e Lady Gaga, mostrando que o formato poderia ser tão lucrativo quanto relevante. 

No vídeo de Work Bitch, usado para divulgar essa nova fase de sua carreira, a popstar aparece dançando no deserto de Nevada, rodeada de tubarões e fazendo uma festinha privada no hotel em frente ao Hollywood Planet, onde passaria os próximos quatro anos se apresentando. Para esta última cena, Britney pediu que cortassem algumas cenas mais picantes na edição, por considerar que os filhos não precisavam vê-la em sequências que eram “um pouco demais” para o seu gosto. De uma forma ou de outra, o recado foi claro: ela estava pronta para dominar a Cidade do Pecado, tornando-se a artista com o maior cachê na história de Las Vegas até hoje, quando está prestes a retornar aos palcos com a nova residência, Domination.

3. ‘Toxic’

Unanimidade de público e de crítica, Toxic talvez seja a música mais conhecida de Britney entre gerações diferentes. Gravado em 2004, o vídeo é dirigido por Joseph Khan (que já havia trabalhado com ela em Stronger), cujo objetivo foi mostrar o lado “vilã” da popstar. Durante o making of, a própria artista disse que precisava “liberar toda essa raiva” que estava sentindo, após sofrer meses de ataque na mídia pelo seu término com Justin Timberlake

Não à toa, o clipe de Toxic mostra Britney assumindo riscos até então inéditos em sua carreira, como a cena em que aparece completamente nua, com o corpo coberto apenas por diamantes aplicados um a um. Foi essa sequência, inclusive, que criou não só uma das imagens mais atemporais da princesa do Pop, mas também lhe deu mais dores de cabeça. 

Lançado em 2004, Toxic encontrou a audiência dos Estados Unidos ainda tentando se recuperar do escândalo do ‘nipplegate’ de Janet Jackson e Justin no Super Bowl. Como todas as emissoras estavam preocupadas em serem multadas por mostrarem “cenas inapropriadas” na programação, o vídeo de Britney foi banido do horário nobre da MTV, sendo exibido apenas após a faixa das 22h. Ainda assim, seu impacto foi tão grande que hoje, quase 15 anos depois, continua como um dos mais assistidos de sua carreira, e um dos 10 melhores do século 21, de acordo com a Billboard.

2. ‘...Baby One More Time’

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Responsável por catapultar Britney Spears para o estrelato, Baby One More Time é considerado como um dos marcos definitivos para a música pop na virada do século 20 para o século 21. Dirigido por Nigel Dick, o conceito inicial para o clipe seria algo inspirado em quadrinhos, onde Britney interpretaria uma espécie de heroína Power Ranger. Mas a popstar achou o roteiro bobo demais para as pessoas da sua geração e resolveu investir em algo que falasse mais diretamente com sua audiência, a despeito do que o diretor e os executivos da gravadora achavam. Por fim, o tema colegial foi inspirado em Grease e a escola onde o vídeo foi filmado é a mesma usada como locação pelo filme original. 

Um dos principais pontos de debate sobre o vídeo é o uniforme colegial usado por Britney e a camisa amarrada acima do umbigo, uma ideia da própria popstar que acabou por definir o ideal de corpo sustentado ao longo de sua carreira. Há também o fator comercial, que transformou a popstar em uma das três cantoras em toda a história da Billboard a estrearem simultaneamente single e álbum no topo dos sucessos (as outras são Nelly Furtado e Camila Cabello). A música também rendeu o primeiro #1 para o produtor Max Martin, que hoje é o terceiro compositor com mais hits na indústria musical, atrás apenas de Paul McCartney e John Lennon

1. ‘Scream and Shout’

A parceria de Will.i.am e Britney começou em 2011, no álbum Femme Fatale, quando o líder do Black Eyed Peas apareceu de convidado na faixa Big Fat Bass. A química dos dois em estúdio foi elogiada pela popstar que, dois anos depois, topou fazer uma rara participação fora de sua discografia em Scream and Shout. A música foi sua última inserção no top 3 da Billboard e, para impulsionar o sucesso, ganhou um remix com alguns dos maiores nomes do rap na época, Lil’ Wayne, Waka Flocka Flame, Hit Boy e Diddy. 

Lançada no início da dominação das listas pelos artistas de hip hop, a música resgatou a veia urbana de Britney, que não se aventurava por esse estilo desde 2007, com Blackout. Impulsionada pelo sucesso da parceria, ela então convidou Will.i.am para ser seu conselheiro durante seu trabalho como jurada do X-Factor e, posteriormente, produtor executivo do álbum Britney Jean, anunciado como “o mais pessoal de sua carreira”. Mas o tiro acabou saindo pela culatra, já que esse foi o disco com pior avaliação crítica e desempenho comercial de toda a sua carreira.

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