Mais dignidade, por favor!

"As mulheres tendem a se desesperar frente ao envelhecimento, deixando de lado a classe e o 'joie de vivre', a alegria de viver"

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Por Gabriela Carelli
Atualização:

Mireille Guiliano, autora do best-seller Mulheres Francesas Não Engordam, soube envelhecer. Estilosa, bem cuidada e, claro, magra, ela aparenta 67 anos - e realmente os tem. “A idade é parte da vida e deve ser enfrentada com dignidade. Sabemos encarar o tempo e não somos adeptas de cirurgias”, diz a escritora, referindo-se as conterrâneas. 

Alçada à condição de celebridade intelectual planetária desde o lançamento de seu primeiro livro, um sucesso estrondoso em 37 países, Mireille garante não ter se submetido a intervenções estéticas. Ainda estarrecida com as transformações no rosto da atriz Renée Zellweger, divulgadas semana passada, Mireille falou ao Estado sobre maturidade, sofisticação e alegria de viver, os temas de Mulheres Francesas Não Fazem Plástica, seu último livro.

"Durma bem, coma de tudo, com moderação, e esqueça de uma vez quantos anos você tem, pois isso não é importante", diz Mireille Guiliano Foto: Andrew French/Divulgação

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Como as francesas lidam com envelhecimento?

De forma realista. A gravidade chega para todas! Sem querer desmerecer ninguém, mas a maioria de nós (francesas) acha essa tendência de preencher e esticar o rosto, de se submeter a toda sorte de transformações para parecer mais jovem algo risível, cômico. A idade é parte da vida e, como tudo, deve ser enfrentada com atitude, estilo e audácia. Ou com “panache” como diria Cyrano de Bergerac (dramaturgo francês do século XV). Rugas e linhas de expressão estão, com certeza, em último lugar na lista de prioridade das francesas. 

A ex-primeira Carla Bruni, de 46 anos, considerada uma das mulheres mais bonitas da França, usa Botox. E tudo indica que já tenha se submetido a um facelift

Atrizes e celebridades se arriscam em alguns procedimentos, mas são minoria. Nosso objetivo, acima de tudo, é parecer o mais natural possível. Nos cuidamos, claro. Pequenas mudanças nas atitudes e nos hábitos a partir dos 40 anos, quando o corpo de fato começa a mudar, já fazem a diferença. Cuidados com a alimentação, com a pele, exercícios, amizades e romances são poderosos agentes anti-idade. Comam ostras, garotas! Elas são cheias de nutrientes - e afrodisíacas. E bebam água, muita água. Há maneiras mais fáceis, agradáveis, baratas e sensatas para se sentir bem consigo mesma do que as plásticas. 

Por que as francesas são tão bem resolvidas em relação às rugas?

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É uma questão cultural. Ao contrário do que acontece com mulheres em outros países, como Brasil e Estados Unidos, não é só a beleza e a juventude que nos define. Não ter esse peso sobre nossos ombros, essa pressão para sermos jovens e lindas para sempre, é algo libertador. Desde o lançamento do meu primeiro livro, recebi milhares de emails de mulheres desesperadas porque não conseguiam alcançar os padrões estéticos vendidos no cinema e na tevê - que são incansáveis até mesmo para as celebridades, convenhamos. 

Quer dizer que não podemos ter tudo - “have it all” - como diriam as feministas?

Não. E isso é ótimo! Grande parte das mulheres com mais de 40 anos hoje foram educadas achando que chegariam à idade adulta como uma autêntica fun-fearless-female, bonita e destemida, realizada no âmbito profissional, pessoal, sexual. Isso é uma grande bobagem. Todas nós, independente da nacionalidade, temos receios e inseguranças. Crescemos com com medo de tudo, isso é praticamente uma condição feminina. Envelhecer, lógico, é um desses temores. Mas enfrentá-lo é bem mais fácil do que parece. Mas mulheres são, por definição, almas inquietas. E tendem a se desesperar com a velhice por causa das metas que nos foram impostas.

Além de ostras e água, o que mais a senhora indica para quem quer enfrentar a maturidade com dignidade?

Nunca, jamais, economize no corte de cabelo - ele pode fazer milagres por você. Durma bem, coma de tudo, com moderação, e esqueça de uma vez quantos anos você tem. Isso não é importante. E, mais do que tudo, mantenha o joie de vivre, a alegria de viver. 

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