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Ir ao geriatra quando jovem garante uma vida mais longa e saudável

'Um geriatra se depara com uma situação de "fim-de-linha" e imagina: se esse paciente tivesse me procurado 20 ou 30 anos atrás talvez estivesse em uma situação melhor'

Por Paulo Camiz
Atualização:
Comece a cuidar de sua saúde desde cedo, antes de virar uma doença e envelheça com qualidade Foto: Alta/ Creative Commons

“Que tipo de médico tenho de procurar para tratar desse sintoma?”

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“Não aguento mais tantos médicos! Será que não existe um que possa sozinho resolver todos ou pelo menos a maior parte dos meus problemas?”

“Tenho um cardiologista que cuida da minha pressão, um endocrinologista para controlar a diabete, um reumatologista para a minha artrose. Quando fico doente nem sei para quem ligar e acabo indo no pronto socorro.”

Por acaso você já se deparou com uma dessas dúvidas ou insatisfações manifestadas nas frases acima? Provavelmente, sim. Você e a grande maioria das pessoas que precisam de atendimento médico. No Brasil, e em vários outros países do mundo, as pessoas tendem a procurar cada vez mais médicos especializados no tratamento de doenças específicas do que profissionais generalistas. Os próprios médicos estão cada vez mais especializados e acabam favorecendo tal postura. 

Não há nada de errado com a especialização - pelo contrário, graças a ela as doenças foram estudadas mais a fundo e houve melhoria em muitos diagnósticos e tratamentos. Mas o que fazer quando os problemas se acumulam - pressão, diabetes, dores na coluna, depressão e outras coisinhas mais de uma vez só, tudo ao mesmo tempo agora e num único paciente? 

Com a idade, principalmente a partir dos 40 e 50 anos, muitas doenças começam a despontar. E é preciso atenção: principalmente nesta fase da vida - e daí por diante -, uma simples doença pode influenciar diversos sistemas e há a necessidade de se ver o todo constantemente. A geriatria surgiu nesse contexto, para examinar de forma holística os pacientes com mais idade. Mas, afinal, quando procurar um geriatra? 

Apesar de ser reconhecida como a medicina do idoso, a geriatria não é indicada apenas para velhinhos. Podemos (e sugere-se) procurar um geriatra desde jovens, visto que toda população precisa ter um clínico geral e o geriatra também faz parte deste grupo, sendo um especialista focado nas doenças mais prevalentes com o envelhecer (que começa a partir dos 30 anos, quando o corpo atinge o seu ápice de rendimento) e sua prevenção. 

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A clínica geral perdeu muito espaço para as especialidades nas últimas décadas, mas sua importância está ressurgindo. Geriatria e clínica geral não são sinônimos, mas para um geriatra é fundamental uma boa prática de clínica geral. A necessidade de analisar o paciente como um todo é o ponto comum entre as duas áreas. E assim, adiciono esta pergunta: o que os diferencia e quando isso pode ter um impacto na saúde do paciente? 

Um geriatra frequentemente se depara com uma situação de “fim-de-linha” e fica imaginando: se esse paciente tivesse feito isso 20 ou 30 anos atrás, talvez estivesse em uma situação melhor. Por que não assumir que esses anos sejam os seus atuais 30 ou 40 anos de idade e já frequentar o consultório com enfoque preventivo? O geriatra pode também ser procurado pelo paciente jovem, seja para cuidados por um clínico geral seja para orientações quanto ao envelhecimento saudável. Comece a cuidar de sua saúde desde cedo, antes de virar uma doença e envelheça com qualidade.

* Paulo Camiz é professor, clínico geral e geriatra da Universidade de São Paulo e do Hospital das Clínicas de São Paulo

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